quarta-feira, 5 de maio de 2010

“ABAC: O QUE É A VERDADE?”


Cesar Techio - Economista – Advogado
cesartechio@gmail.com

Platão e Aristóteles apresentam o conceito de verdade como sendo a exata correspondência entre um enunciado e a realidade da coisa por ele referida. Duas correntes filosóficas antagônicas tentam responder a pergunta acima. O ceticismo e o dogmatismo gnosiológico. Segundo Gilberto Cotrim, no livro “Fundamentos da Filosofia”, Saraiva, “o dogmatismo crítico acredita em nossa capacidade de conhecer a verdade mediante um esforço conjugado de nossos sentidos e de nossa inteligência. Confia que através de um trabalho metódico, racional e científico, o homem torna-se capaz de decifrar a realidade do mundo.” Já o racionalismo gnosiológico deposita total e exclusiva confiança na razão humana como instrumento capaz de conhecer a verdade. Mas, foi no materialismo dialético que me detive nestas últimas semanas, dos ensinamentos da faculdade de economia da Universidade Federal do Paraná e de manuscritos de um alfarrábio empoeirado. E, na lição de Karl Marx: “a questão se cabe ao pensamento humano uma verdade objetiva não é teórica, mas prática. É na práxis que o homem deve demonstrar a verdade, isto é, a efetividade do poder... do seu pensamento.” (Teses contra Feurbach). Ou seja, é através da prática humana que saberemos se um conhecimento, um dado comportamento, é falso ou verdadeiro.

Com este instrumental materialista (ora vejam), sob as luzes da razão, da racionalidade, da lógica e da práxis, passei a examinar a história da ABAC. Mas, mesmo assim, é impossível falar sobre a Associação Beneficente Ágape de Concórdia, senão de joelhos, em gratidão a Deus pela sua forte e incondicional atuação social, caritativa e de misericórdia. Não são muitas as instituições, laicas, religiosas ou públicas, que conseguiram, na história desta cidade (eu nasci aqui), lançar com tão grande fervor e fidelidade seu coração na miséria do outro. Diuturnamente, o voluntariado da ABAC se inclina para socorrer nossos aflitos, para sentir ternura pelos nossos rejeitados, para estender a mão aos que, por preconceito, não são merecedores de mais uma chance de reintegração social. Por tempo, testemunhei a reverência com que Promotores e Juízes determinavam o encaminhamento de valores de multas criminais para a ABAC, louvando sua atuação na última ponta da cadeia social dos desempregados, desesperados, combalidos, infrutíferos e miseráveis.

Para a consciência humanista atéia, descomprometida com a realidade do “lixo humano” de nossa cidade, eventualmente pouco importa a atmosfera pentecostal, evangélica ou católica que dá vida e frutos nesta amarga seara. Todavia, é imperioso reconhecer que, sem profunda conversão pessoal e sabedoria, não seria possível que simples voluntários se dedicassem a um projeto de tamanha envergadura social. A sabedoria de Deus muda a vida das pessoas e produz bons frutos. Ela torna um bandido, bêbado, drogado, pervertido, num cidadão trabalhador, respeitoso às leis. A sabedoria de Deus é imparcial e se mostra na pessoa que não tem duas mentes, duas almas. Ela julga conforme a verdade e não conforme a pressão ou conveniência, mesmo porque, na sabedoria divina não existe jogo de interesse nem política de bastidor. E qual é, então, a verdade da ABAC? Ainda sob a perspectiva materialista dialética e histórica, (bem a gosto dos céticos e agnósticos), a verdade da ABAC é a santidade de um homem chamado Josivan Marques dos Santos; o idealismo e amor de um ser humano chamado Tadeu José Assunção; a compaixão de pessoas com o nome de Marizeli Sant’Ana dos Santos, Marcos Paulo Finger, Vlamir Alfredo Gilgen, Severino Borkoski, Afonso Carlos Hinkel, Ângela Gosenheimer, Daiana Silva, Elaine Redin, Elisete Muller, Karise Woicieschoski, Kelly Nora, Leoni Rosa, Lorena Camargo, Márcia Woicieschoski, Mirian Tonini, Reginaldo Barbosa, Solange Bueno, entre outros tantos que honram e dignificam o projeto de Deus nesta cidade. Pensamento da semana: “Onde não há caridade não pode haver justiça.” Santo Agostinho.