Cesar Techio - Economista – Advogado
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Grandes homens chamados a viver valores que plenificam a vida e que se consolidam na história como modelos a serem seguidos, se tornam universais e passam a pertencer a toda a humanidade. Foi assim com Frei Simão Laginski, que marcou profundamente a vida de todos os concordienses entre o ano de 1971 a 1976 como pároco da Paróquia Nossa Senhora do Rosário. Acompanhei, em 1972, a demolição da igreja antiga e a inauguração da nova matriz em 1974. Seu dinamismo, inteligência, humildade, capacidade de liderança e vocação de amor às pessoas desta cidade de Concórdia, o fizeram merecedor de grande admiração em vida e de forte comoção pela sua morte ocorrida no dia 08/02/2010. A construção da nova igreja e outras doze capelas pelo interior do município se constituiu num pequeno e pontual detalhe de sua caminhada entre nós. Inserido num contexto espiritual profundamente comprometido com a pessoa de Jesus Cristo, suas pregações tocavam fundo no coração do povo. Do altar, diante das dificuldades, enquanto tijolo após tijolo construía a nova igreja, bradava em bom som franciscano: “Irmãos, comecemos, porque até agora nada fizemos”. Na sua itinerante jornada por esta região, e esse foi o segredo de seu sucesso, demonstrou uma tremenda e incondicional abertura ao Espírito Santo. Em constante plenitude espiritual construiu muito mais do que paredes de uma igreja cristã, senão uma sólida edificação de fé que motivou o povo a viver o evangelho com autenticidade. Não raras vezes, durante sua gestão, era lembrado pela política local para concorrer à vida pública, mas seguia trabalhando, incansável, demonstrando como se administra uma grande obra com poucos recursos. Por estes motivos, transcendeu a todos os que o antecederam, foi amado e ainda é lembrado com saudades.
Como Frei Simão, líderes espirituais nos chamam à conversão, à grande opção de vivermos o santo Evangelho a partir de Jesus. Padres e pastores de nossas amadas igrejas cristãs nos motivam e impulsionam à conversão, partindo da premissa de que o mais importante nesta vida não é “o que se faz”, mas “como se faz”. Isso tem a ver com o modo de se conduzir, agir, sentir, pensar, de amar e com a consciência de que não se constrói uma sociedade saudável sem reconciliação, perdão, honestidade, respeito, discernimento e humildade. Esses valores se puseram como eixo central na vida de Frei Simão Laginski. E também devem se colocar como motor propulsor na nossa vida, na medida em que nos impele a aceitar a existência como um processo, uma dinâmica que nos obriga à construção de um mundo de paz e de verdadeiro amor fraterno. O exemplo de Frei Simão Laginski permanece e transcende a barreira do tempo e do espaço, pois são perenes os valores que ele pregou. Nós, os que o admiramos, precisamos seguir firmes, atentos a palavra e a benção que salva, cura, transforma e constrói novos templos e novas vidas.
Conhecidas as práticas da incoerência, da contradição, dos conflitos e dos paradoxos de nossos tempos, nos quais impera o vazio da alma e a subnutrição espiritual, convenhamos em eleger bons líderes em todos os campos e setores da vida social: nas igrejas, nas instituições e também na política. Se, por ingenuidade do nosso povo, cérebros indigentes, retrógrados e desonestos, assumem postos relevantes na vida pública, é bom perceber que conosco também caminham grandes homens, admiráveis e inquebrantáveis, de caráter puro, fecundos. Busquemos descobrir em nossa sociedade o verdadeiro modelo de liderança que queremos eleger e seguir. Pensamento da semana: “Quem entenderá o homem? Desperdiça os recursos naturais, quase esgotados, e poupa os recursos de seu cérebro, inesgotáveis.” Julio Novoa Cisneros.