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Cesar Techio - Economista – Advogado
cesartechio@gmail.com
Duas décadas após receber alguns livros autografados por Leonardo Boff, me deparo com uma progressão de enfoque, adotado pela nova teologia da libertação. Objetivamente, a questão diz respeito de como deve ser, nos dias de hoje, um verdadeiro cristão diante das ameaças que apontam para o fim da vida no planeta terra. Releva notar, que neste meio tempo surgiu o Fórum Mundial de Teologia e Libertação, de cuja Carta de Princípios se extrai, tratar-se de um fórum ecumênico, dialogal, plural e diversificado, que “contribui com a formação de uma espiritualidade ecológica e planetária, fortalecendo a experiência de sentido e de esperança utópica expresso na certeza por alternativas de ‘outros mundos possíveis’, em conexão com o compromisso social por justiça e dignidade numa ação política transformadora”.
Em meio a este “novo paradigma espiritual”, vem sendo gestada uma teologia centrada na sobrevivência da humanidade e, mais recentemente, no III Fórum Mundial de Teologia e Libertação, ocorrido entre os dias 21 e 25 de janeiro de 2009, em Belém (PA), a orientação centralizou-se numa teologia fundamentada na sustentabilidade da vida no planeta. Falando sobre o tema, Leonardo Boff afirmou: “A teologia da libertação nasceu escutando o grito do oprimido e de tal preocupação nasceu a Teologia da Libertação. Mas a teologia não tem a chave da libertação. Em uma época eram os teólogos que mais falavam da libertação, mas eram outros que libertavam. Gente que estava na luta sindical, na guerrilha, estava em frentes duras de enfrentamento. A perspectiva é de como fazer do cristão um militante, que ele se comprometa e vá até a trincheira. Seja na luta sindical, política, de gênero, Direitos Humanos ou nas questões da ecologia”. Conclui-se, então, que a teologia que liberta é aquela engajada em ações concretas em favor da ética, da dignidade e da sobrevivência da humanidade. A vivência bíblica exige compromisso com a ecossimplicidade de que fala Boof, ”sermos mais, com menos” e com o resgate ético da sociedade como a conhecemos (perdulária, consumista, capitalista, egoísta).
Neste contexto, a pregação em igrejas e comunidades de base a cada dia mais se afeiçoa a uma leitura bíblica comprometida com a pessoa humana e com uma ordem econômica geradora e cônscia de ações ecologicamente corretas a nível global. Não só em igrejas, mas também em colégios encontramos espaços institucionais bem articulados e em condições de desenvolver práticas teológicas, filosóficas e ecológicas libertadoras. Espaço aberto e altamente eficiente na propagação destas novas proposições, a mídia deve assumir e manter urgente e prioritário compromisso com uma teologia que liberte não só o homem do inferno pós morte, mas, ainda nesta vida, do suplício, tormento e martírio decorrente de um planeta agonizante. Pensamentos da semana: “A Terra pode muito bem viver sem nossa presença. Em 30, 40 anos estará recuperada dos danos que causamos. O que está sob ameaça é a vida humana. Temos de mudar. Ou mudamos ou morremos”. “O ser humano é um ser espiritual. Nossa história vai além da Terra. A vida é maior que a morte. Podemos unir a força da ciência – praticada com ética e respeito –, à força da religião. Ambas transformam”. Leonardo Boff.