segunda-feira, 10 de agosto de 2015

LOUCO POR LUCIDEZ




Renato Mauricio Basso




Loucura é fazer tudo o que te der na telha.
 
Tem maluco de camisa de força, os imbecis, os de pedra, os malucos beleza. Uns são mais perigosos, outros mais pegajosos, e tem os que sabem dosar saúde e diversão. Esses malucos são os mais felizes, fazem um monte de coisas e não fazem mal a ninguém, nem a eles próprios, pelo contrário. Procuram um ponto de equilíbrio nessa Matrix, sabem mais ou menos quem os controla e como, e tiram de letra as adversidades sabendo que vida é luta. Não estão preocupados ao máximo com padrões, não aceitam imposições indevidas e agem com filantropia com pessoas merecedoras.
 
Esses malucos, porém, sofrem mais com atitudes de quem não pensa como eles, de quem faz o mal por paixões e que cultiva pensamentos rasos.

 Tem coisas que eles não podem mudar e dão uma ou duas porradas no muro, de raiva, de indignação, porque, afinal, a sociedade tem que adotar um pensamento comum, não vermelho, que a eleve cada vez mais para o alto da paz e da tranquilidade. Uns falam perfeição.
 
A energia que esses sujeitos consomem para controlar sua impotência frente a desmandos e hipocrisia, muitas vezes se traduz em desequilíbrio emocional e físico. Cabeça inchada e peste petralha tem que combater cidadão, senão, de maluco beleza você vai pra camisa de força!
 
Eu me identifico mais com o fiel da balança, onde habitam a observação, a investigação e o julgamento. Gosto de decidir se é certo ou errado de acordo com bons princípios, de início, depois letra fria da lei e jurisprudência, bons costumes. Decido a minha vida, o que pensar, o que fazer, em quem votar, sempre alerta ao que acontece comigo e à minha volta. Sempre estou procurando saber mais sobre tudo, fazer o bem e me sentir em paz, sem fazer mal a ninguém (de vez em quando sai uma rima).
 
Meu coração não dói quando vejo a madame deixando seu lululalá defecar no passeio sem juntar o dejeto. Uma hora dessas ela pisa em cima e leva para o seu persa na sala de visitas. Será que irá aprender?
 
Meu coração não dói quando está provado e reprovado que muitos políticos e cupinxas estão roubando a granel e o povo não acorda pra fazer alguma coisa contra essa pouca vergonha.
 
Por que esse marasmo insistente, essa falta de atitude? Será que são tantos os beneficiados pelo governo com bolsas, meias e cuecas, que não sobrou ninguém para gritar?
 
O que me dói é o estomago, a cabeça, o bolso, ao ver tudo isso.
É de se sentir sozinho, lutando só com o cabo da adaga. Mas não há que se entregar para os homens e para as mulheres que botam o dedo na nossa moleira e nos afundam nessa lama de imoralidade, confundindo os nossos pensamentos, comendo pelas beiradas, pelo centro e por tudo que é lado, numa orgia de constranger Calígula.
 
Precisamos abrir os olhos, afastar energicamente as mãos que nos oprimem e fazer uma sociedade melhor, com mais igualdade de deveres e de ordem, de obediência às leis, de compromisso com o bem público.
Direitos tem por aí a vontade, mas deveres, que são mais difíceis de cumprir, de fazer, estão em falta. Aliás, isso tudo é muito bem articulado pelo Fórum de S. Paulo: bagunçar o coreto para tomar conta da banda e fazer o público em geral dançar conforme sua música, é preceito básico do comunismo.
 
E aí vem o cidadão e diz que não quer pensar nessas coisas pra não esquentar a cabeça: só quero saber do meu futebolzinho, cervejinha, boteco e sacanagem. Tá por fora eleitor! Está tudo se deteriorando! Estão acabando com a família, a segurança, saúde e estamos todos pagando impostos abusivos para manter tudo isso. Estamos pagando para termos cofre público arrombado, estatais saqueadas, inflação alta, arrocho salarial, insegurança, estradas esburacadas, saúde falida e família desmantelada. 
 
Estamos pagando para viver no caos!
 
Vou procurar não ser imbecil nem usar camisa de força. Se eles tem três carros, Lamborghini, Ferrari e Audi, eu posso voar. Louco é quem me diz que não pode ser feliz.