Cesar Techio
Economista – Advogado
Durante as eleições repeti sem parar que não adianta ir para a rua como um leão
e depois votar como um jumento. Parece ofensivo, mas não é. Os eleitores
de todas as camadas sociais tiveram exaustivamente informações sobre os
escândalos que já vinham aterrorizando o Brasil e, livremente, de forma
consciente, resolveram, em sua maioria, eleger a presidente Dilma. Os que
votaram contra foram para a rua neste dia 15/03/2015. Pelo menos foi isso o que
disse o ministro Miguel Rossetto, da Secretária-geral da Presidência da
República, depois de consultar sua tosca bolinha de cristal. O que não quer
dizer nada, porque os que votaram contra também são cidadãos e o direito de se
manifestar sem violência é sagrado neste país. Mas é óbvio que o ministro não
tem bola de cristal e desafinou com a exposição do ministro da justiça José
Eduardo Cardozo que, mesmo em meio ao panelaço nas capitais, conseguiu se fazer
ouvir aqui na televisão de casa. Certamente precisamos ter responsabilidade
Republicana, espírito de democracia e respeito pela Justiça. Dilma é
presidente, eleita democraticamente e, portanto, todos os cidadãos devem
respeitar o resultado das urnas. É um equívoco desrespeitar as regras da
democracia.
Golpe, JAMAIS! Nem da direita, nem da esquerda. O modelo de governo que
queremos tem como base a lei, a ética e a moralidade. Não admitimos corrupção.
Por conta disso é necessário protestar e confiar no sistema jurídico, orando
pelos bons, competentes e destemidos juízes do Brasil, pela Polícia Federal, pelo
Ministério Público Federal e pela própria Justiça. Mas, por conta disso
também precisamos entender o “Fora Dilma” como uma simples metáfora, de quem
quer mudar o país. Pois é óbvio que gritar pelo impeachment não condiz (nem de
longe) com o disposto na lei número 1.079 de 1950 que define os crimes de
responsabilidade, visto inexistir quaisquer provas, diretas ou indiretas, que
vincule a presidente ao assalto à Petrobras e, simplesmente, pressupor seu
envolvimento é uma banalização imperdoável.
Queremos a liberdade para apoiar publicamente a punição dos agentes
políticos, empresários e parlamentares que receberam valores decorrentes do
esquema criminoso, ou seja, dos que, respeitado o direito de ampla defesa e
contraditório, sejam considerados culpados. Por isso, a presidente Dilma
não está errada quando disse na segunda-feira, 16/03/2015, que tem “certeza
de que o que nós queremos é um lugar em que todos possam exercer os seus
direitos pacificamente sem ameaça às liberdades civis e políticas” e que
(na condição de ex-presa do regime militar), "valeu a pena lutar por
liberdade e democracia.”
O PT é um partido como outros, que possuem milhões de filiados honestos,
idealistas, corretos e trabalhadores em suas fileiras. Muitos se sentem
humilhados e chocados com o que ocorre no próprio partido e no país. Aqui em
Concórdia temos uma administração batalhadora, competente, afinada com a
responsabilidade fiscal, de linha dura contra quaisquer desvios de gestão. Por
isso, com todo o respeito, não dá para generalizar. Parlamentares e agentes
públicos, envolvidos na roubalheira, filiados em vários partidos políticos da
situação como da oposição (veja a lista de Janot e o título desta crônica), não
representam a grande massa de filiados espalhados pelos municípios do imenso
território nacional. Em muitas famílias eventualmente aparece uma mula manca.
Por conta dela, afirmar que toda a récua é manca é tolice. Atribuir a
responsabilidade pelo desvio de conduta de um filho à família, afirmado que
toda ela não presta e não vale nada, é um tremendo equivoco.