quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

CONCÓRDIA: FÉ E SONHOS QUE NOS MOVEM A 2015.




 Cesar Techio
Economista – Advogado



            O último dia do ano de 2014 nos obriga a lançar um olhar em perspectiva pretérita para, como garimpeiros, perscrutar entre as loucuras que abalaram o mundo em sua contagem regressiva para o juízo final, dois fatos locais relevantes que geraram esperança e confiança no futuro. Trago a lume as Bodas de Carvalho do Município de Concórdia e as Bodas de Ouro da Assembléia de Deus. Desde a vinda do primeiro missionário Presbítero José Paulo Evaristo (1963); do primeiro Pastor Presidente Amantino Burg (1966); da emancipação Eclesiástica com a vinda do Pastor Presidente Riograndino Pereira (1979), até a ascensão do atual e magnifico Pastor Presidente Hebrom Evandro Mussini, montanhas foram removidas, terrenos foram aplainados e uma nova cidade surgiu por entre essas montanhas onduladas do oeste catarinense.

            A importância da contribuição da Assembléia de Deus em 50 anos de incessante pregação, admoestação e chamamento a que vivamos os princípios pregados por Cristo, devem ser celebrados com júbilo, pois a qualidade de vida que conquistamos muito se deve ao esforço pastoral na lapidação do caráter do povo cristão. Honestidade, vontade de prosperar, capacidade de perdoar e de amar a Deus e aos semelhantes, foram conquistas de consciência que aliviaram a caminhada e que nos ajudaram a conquistar o presente. Quinze exemplares e santos Pastores que chegaram e partiram sem levar nada em bens materiais (como é do costume da igreja), fizeram a diferença neste município que, no ano que termina hoje, comemorou 80 anos com um povo rico de fé e de sonhos.

             Esta fé e estes sonhos conduziram o Município, no seu octogésimo ano de existência, a ser o décimo segundo município em qualidade de vida do Brasil e o primeiro do Estado de Santa Catarina. Não é pouca coisa. Além do crédito ao povo trabalhador, estes índices espetaculares se devem às políticas públicas adotadas durante os últimos anos, que priorizou a qualidade de vida dos moradores. De fato, o crescimento e o desenvolvimento de Concórdia mostra que as políticas concretizadas pela Administração Pública estão no caminho correto, graças ao comando do Prefeito João Girardi e do vice Neuri Santhier. Aliás, fé e sonhos são o que realmente nos impulsionam e nos movem. Por estes sentimentos pedimos a Deus, saúde, amor, harmonia, prosperidade, pastores santos e um governo honesto, justo e competente. Pois bem, aqui em Concórdia Ele nos atendeu. Peçamos que essa graça se estenda ao Brasil. Feliz Ano Novo família concordiense.
  

Pensamento da Semana: “Coloco minha casa, meus filhos, meus sonhos nas mãos de Deus e aquieto meu coração confiando no seu cuidado sobre a minha vida.”

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

NATAL: POR UM MUNDO MAIS JUSTO E SOLIDÁRIO.


Qual é a solução para a tristeza que nos invade a alma, para a amargura, desesperança, desencanto, decepção, sentimento de culpa, baixa autoestima e diminuição da alegria de viver? O primeiro passo é esquecer-se de si próprio. As coisas vão mal porque damos exagerada importância para nós mesmos e colocamos o nosso ego no centro de tudo. Vivemos mendigando reconhecimento e amor a pessoas que também vivem focadas na pobreza do próprio egoismo e que, portanto, não podem dar nada, pois também são mendigos. É uma velha corrente: mendigos buscando amor e reconhecimento entre mendigos. A Comenda do Legislativo Catarinense concedida à Associação dos Pais e Amigos dos Surdos – APAS, entregue pelo Deputado Neodi Saretta a presidente Irma Gross Casagrande, reconhecendo as relevantes ações da entidade, exemplo de espírito fraterno, criativo e empreendedor, se constituiu no “feeling” desta cronica de natal.

Como é salutar vislumbrarmos em meio a pobreza dos marqueteiros de si mesmos, dos desfiles de egos e da ausência de consciência da nossa insignificância como seres da criação, que ainda existem pessoas que marcam a sua passagem na terra pelo compromisso com a ajuda mútua, com a solidariedade e com a superação. Repletas de amor se doam de forma incondicional e sem esperar nada em troca. Transbordam de amor sem distinguir quem vai recebê-lo. Transferem compaixão e solidariedade em silêncio, porque estes sentimentos não precisam ser alardeados, eles se irradiam por si mesmos, de forma graciosa e generosa. Criar elos de fraternidade e solidariedade, participando de associações ou grupos de pessoas que buscam fazer o bem sem olhar a quem, é o segundo passo para sair das trevas do egoísmo ignorante e caminhar rumo à luz, a sabedoria e a felicidade.

Interessar-se por este assunto e associar-se permanentemente a estas iniciativas é o terceiro passo para sair da mendicância espiritual cuja raiz é o egoísmo. O amor não pertence a mendigos da avareza, mas a Imperadores da solidariedade. Pessoas como Irma Gross Casagrande mostram que é fácil tornar-se um imperador ou uma imperatriz da caridade: Basta encher-se de amor verdadeiro e dá-lo sem nenhuma condição. Amor verdadeiro somente pode existir através da prática da caridade, indicadora de elevação moral, cujo maior exemplo nos foi dado por Jesus, aniversariante deste natal. Ele nos questiona: “Se amais somente os que vos amam, que recompensa tereis? Se saudais apenas vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? E arremata: Se alguém te pedir para caminhar um quilômetro, vai com ele dois. Se alguém te pedir a camisa, dá-lhe também o paletó” (Mateus 5: 40/47).


Pensamento da semana: “Queria lançar um apelo a todos que possuem mais recursos; as autoridades públicas e a todas as pessoas de boa vontade comprometidas com a justiça social. Não se cansem de trabalhar por um mundo mais justo e mais solidário” Papa Francisco. Feliz Natal a todos.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

PRESIDENTE TCHÊ MENDES: CARTA NA MANGA DO PSD



Cesar Techio
Economista – Advogado


Causou perplexidade a fala de um vereador que reconheceu que a oposição é fraca e, a partir desta realidade, passou a criticar o direito do vereador Mauro Mendes (PSD) de apresentar o nome para concorrer à presidência da Câmara de Vereadores para o biênio 2015/2016. Após eleito com o voto de cinco partidos (PCdoB, PT, PPS, PSD, PSDB), as críticas continuaram pelas rádios locais, porque Mendes teria se vendido para o PT e traído o PSD. Nada mais desarrazoado. Por esta lógica seria exatamente o contrário: quem teria traído seriam os vereadores da situação ao votaram num candidato de oposição para lhes presidir. Ou não?  Tchê Mendes elevou o partido do governador Raimundo Colombo ao comando oposicionista do segundo posto de maior poder político do município. Partindo desta realidade, o discurso mediático do vereador da oposição (PMDB) pareceu inconsistente e constrangedor, na medida em que a valoração da decisão política de Mauro Mendes é de interesse exclusivo “interna corporis” do PSD. Por esse viés, obviamente tratou-se de uma visível tentativa de ingerência em casa alheia,

Ou será que alguém tem alguma bola de cristal para afirmar que a eleição de Mauro Mendes não fez parte de uma estratégia do seu próprio partido, cujo chefe maior é o governador Raimundo Colombo? Aliás, Colombo teve o apoio do PT nacional para governador e, agradecido, apoiou Dilma para presidente da República. Neste quadro, muita coisa se explica, sendo que a posição do vereador Jaderson Miguel Prudente (PSD) em ficar ao lado da bancada do PMDB, poderia ser interpretado como uma simples “mise en scène”, uma prudência (com o perdão do trocadilho), a fim de deixar as portas abertas para futuros entendimentos.

Por aí se vê, que as acusações de traição, foram temerosas e precipitadas. Ataques ao PT local, porque teria agido como Dilma Roussef ao editar um decreto ampliando os gastos de mais R$ 748 mil para emendas parlamentares em troca da aprovação do projeto de lei que alterou a Lei de Diretrizes Orçamentárias, pareceu surreal, dada a lisura e honestidade com que o PT trata da coisa pública aqui em Concórdia. Aliás, o combativo vereador do PMDB se esqueceu de que o seu partido ocupa o cargo de Vice-Presidente da República, vários Ministérios e está comprometido até o pescoço com a governabilidade nacional petista/pemedebista. De forma que, com todo o respeito, atirar pedra, aqui em Concórdia, no PSD (oposição) e PT (situação), quando se tem telhado de vidro, é pura incongruência.   

Mauro Mendes é um fenômeno da política local e surpreende com uma vereança serena. Agindo assim, teve o peito para colocar os interesses do povo de Concórdia acima dos conflitos político-partidários e, ao mesmo tempo elevar o seu partido a ser o fiel da balança em todos os projetos que tramitarem na Câmara de Vereadores. A palavra dada por ele deve se manter pelos próximos dois anos.  E, em se tratando de um gaudério de primeira, acredito que cumpra a palavra. Enfim, parabéns a Mauro Mendes, ao PSD e ao seu presidente Cezar Luis Pichetti e a Raimundo Colombo. E que o Patrão do céu te livre de toda arapuca, amigo Tchê! (Salmos 91:3).


Pensamento da semana: Rua Coberta e Centro Cultural: grandes presentes para Concórdia. Obrigado João Girardi e Neuri Santhier. Feliz e abençoado Natal.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

O BRASIL ESTREMECE DE VERGONHA E INDIGNAÇÃO








 Cesar Techio
Economista – Advogado

              A versatilidade de estilos, opções temáticas e comprometimento com princípios éticos, constitucionais e espírito patriótico por parte dos colunistas que amam o Brasil, prestigia o leitor na medida em que retira o clichê puramente informativo dos meios de comunicação e oferece a oportunidade para pensar, refletir, formar opinião e decidir o futuro. Como economista e advogado, poderia circunscrever minhas crônicas a conteúdos técnicos inerentes a minha área de atuação profissional. Mas temo que seja enfadonho ao leitor e, pior, não contribuiria de forma mais ampla para uma reflexão cívica sobre o destino a que, como povo, muitas vezes somos submetidos.  Nesta senda, os irracionais, dementes e assustadores escândalos que assolam o país, aliados aos graves problemas políticos e econômicos que revoltam os brasileiros, me deixam estupefato. Na mesma linha com que critiquei a diplomacia internacional do ex-presidente Lula, próxima a tiranos sanguinários e de governos antidemocráticos como o do Irã, Cuba, Venezuela, Bolívia, entre outros, buscarei, regularmente, a partir de 2015, analisar informações e fatos que estão fazendo o país estremecer de vergonha e indignação.
              A ideia de cerceamento da imprensa, chamada por alguns de “regulação da mídia”, com o claro objetivo de reduzir as grandes empresas jornalísticas do Brasil, me parece ser um dos maiores perigos para a democracia. Não podemos desconsiderar que o sucesso ao combate à corrupção e em especial a eliminação das ratazanas criminosas que infestam o meio político e a Administração Pública nacional, muito se deve a grande imprensa. Limitar a concentração dos meios de comunicação por um mesmo grupo econômico pode até ter matizes constitucionais (proibição de oligopólios ou monopólios). Mas isso me parece temeroso, uma vez que grupos fortes, independentes e livres de pressões políticas e ideológicas, num país de dimensões continentais como o nosso, são os únicos que possuem poder para cobrir todo o território nacional com informações investigativas e de qualidade.

               Assim funcionam as revistas Veja, Isto É, Época e jornais como o Jornal do Brasil, O Estado de São Paulo, Folha de São Paulo, Gazeta do Povo, O Globo, Correio do Povo, Zero Hora e grandes canais de televisão e de rádio como os da Rede Bandeirantes, Globo, SBT, Record, muito odiados por políticos em geral e por setores da esquerda stalinista que, como Antonio Gramsci, sonham com a derrota do “Estado capitalista”. Enfim, chegamos ao final do ano com os nervos a flor da pele por conta de tanta denúncia de roubalheira, golpes contra o erário e empresas estatais, falcatruas na Administração Pública, com o envolvimento de partidos políticos e quadrilhas de especialistas em detonar o Brasil, afora a carestia da inflação que está matando o povo nos supermercados. Ao comprar o jornal a Folha de São Paulo, neste domingo, em Balneário Camboriú, perguntei a dona da banca se tinha alguma notícia boa. Ela me respondeu: “Só se mandarem prá cadeia todo o Congresso Nacional”


terça-feira, 9 de dezembro de 2014

RESPOSTA AOS QUE ASSALTARAM A PETROBRAS SERÁ FIRME


 “A opacidade, o fetiche do sigilo e a cultura da autoridade deram o tom e o traço das relações dos agentes públicos com a sociedade civil por muito tempo, talvez por tempo demais, neste país”





Rodrigo Janot (Sergio Lima/Folhapress/VEJA)


09/12/2014
 às 14:38

“Resposta aos que assaltaram a Petrobras será firme”, diz procurador-geral da República

Por Laryssa Borges,  na VEJA.com:No mais duro discurso desde que assumiu a chefia do Ministério Público Federal, em setembro de 2013, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, criticou nesta terça-feira o aparelhamento da máquina estatal, apontou o combate à corrupção como prioridade e, diante do escândalo do petrolão, pediu a demissão da cúpula da Petrobras e a reformulação da estatal, como informou a coluna Radar, de Lauro Jardim. Ao participar da Conferência Internacional de Combate à Corrupção, Janot afirmou: “A resposta àqueles que assaltaram a Petrobras será firme, na Justiça brasileira e fora do país”.
“Urge um olhar detido sobre a Petrobras, em especial sobre os procedimentos de controle a que está submetida. Em se tratando de uma sociedade de economia mista, com a presença de capital majoritário da União – e, pois, do povo brasileiro – é necessário maior rigor e transparência na sua forma de atuar”, disse ele. “Esperam-se as reformulações cabíveis, inclusive, sem expiar ou imputar previamente culpa, a eventual substituição de sua diretoria, e trabalho colaborativo com o Ministério Público e demais órgãos de controle”.
Janot prosseguiu: “O Brasil ainda é um país extremamente corrupto. Estamos abaixo da média global, rateando em posições que nos envergonham e nos afastam de índices toleráveis. Envergonha-nos estar onde estamos”, resumiu ele, que atribuiu o ranqueamento do país a “maus dirigentes, que se associam a maus empresários, em odiosas quadrilhas, montadas para pilhar continuamente as riquezas nacionais”.
Assim que tomou conhecimento dos processos relacionados à Operação Lava Jato da Polícia Federal, que resultou na prisão de executivos das maiores empreiteiras do país, Janot havia se espantado como o volume de dinheiro movimentado pelos criminosos – os policiais estimam que pelo menos 10 bilhões de reais tenham sido desviados em um mega esquema de lavagem de dinheiro e fraude em contratos e licitações. “O volume do dinheiro é enorme e as investigações procedem. Eu nunca vi tanto dinheiro na minha vida”, disse em julho, ainda antes da fase da Lava Jato que acertaria o coração das principais construtoras brasileiras.
Ao avaliar o escândalo do petróleo e os impactos na imagem da Petrobras – o escritório de advocacia americano Wolf Popper LLP processa a estatal brasileira por não revelar “a cultura de corrupção dentro da companhia” – Janot classificou com um “cenário tão desastroso” a gestão da companhia e que o esquema criminoso “produz chagas que corroem a probidade administrativa e as riquezas da nação”. Para ele, “a sociedade brasileira espera é a mais completa e profunda apuração dos ilícitos perpetrados, com a punição de todos, todos os envolvidos”.
Em tom duro, o procurador-geral lamentou a falta de regulamentação da Lei Anticorrupção, relembrou as recentes condenações no escândalo do mensalão e defendeu que corruptos e corruptores cumpram pena na cadeia e disse que o Poder Judiciário e o Congresso precisam ser “convencidos” de que a corrupção não é um crime menor, e sim “um perigo concreto, real e profundo”. “Precisamos, nos limites do Estado Democrático de Direito e do devido processo legal, afastá-los da sociedade, confiscar o produto do ilícito e tratá-los como os criminosos que são”. “O dano causado ao país é grave: serviços mal prestados e obras mal executadas não apenas sangram os cofres públicos com o ônus da reexecução, mas causam males muito tangíveis: a fiscalização desidiosa de hoje é a causa do acidente de amanhã; a obra mal executada de hoje também é a causa do desastre de amanhã. Corruptos e corruptores precisam conhecer o cárcere e precisam devolver os ganhos espúrios que engordaram suas contas, à custa da esqualidez do tesouro nacional e do bem-estar do povo. A corrupção também sangra e mata”, afirmou. “O país não tolera mais a corrupção e a desfaçatez de alguns maus agentes públicos e maus empresários”, disse.
Em seu discurso, Rodrigo Janot também fez um balanço das atividades do Ministério Público no combate à corrupção e avaliou que, ao longo dos anos, os órgãos de controle aprimoraram seu trabalho, dificultando parte da atuação de corruptos e corruptores. “Quem puder negar que hoje é muito mais difícil que há 25 anos corromper e corromper-se no Brasil atire a primeira pedra”, resumiu.
Ditadura
A uma plateia formada por ministros, procuradores e pelo chefe da pasta da Justiça, José Eduardo Cardozo, o procurador-geral atribuiu aos anos de ditadura militar a pouca cultura de transparência nas empresas. “A opacidade, o fetiche do sigilo e a cultura da autoridade deram o tom e o traço das relações dos agentes públicos com a sociedade civil por muito tempo, talvez por tempo demais, neste país”, comentou. 
Por Reinaldo Azevedo

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

O QUE JESUS TEM CONTRA O DINHEIRO?

 Cesar Techio
Economista – Advogado
 

Não raras vezes me ocorre a figura do burro andando atrás de uma espiga de milho amarrada à sua frente. A ideia do dono é fazê-lo andar e transportar no lombo pesada carga para enriquecer à custa da ilusão do animal de que um dia alcançará o alimento.  Para muitas pessoas, certas religiões são como o milho e são buscadas por puro desejo de obter algo em troca, como prosperidade (dinheiro, bens materiais), saúde, paz de espírito ou até mesmo o céu. Outras pessoas buscam algumas religiões por medo do inferno, do diabo e de maldições. Mas, não são raras as religiões inventadas por pessoas muito espertas, treinadas em lógica, filosofia, teologia, metafísica, oratória e, interessadas em ganhar dinheiro. Embora a bíblia diga que Deus fez o homem a sua imagem e semelhança, constantemente percebemos que é exatamente o inverso: as necessidades, psicológicas, emocionais e financeiras criam na cabeça das pessoas um Deus para satisfazê-las. A psicologia da fé é a base da segurança para a maioria das pessoas que não podem viver sem algum tipo de crença ou sem pedir alguma coisa.

Desta imaturidade, se aproveitam espertalhões que constroem igrejas, como verdadeiras fábricas sem chaminé. Elas funcionam como uma espécie de quitanda, um comércio que acolhe, no caminho da existência, pessoas desesperadas, envolvidas por solidão, descaminhos, misérias, descalabros e múltiplas mazelas. São templos de psicologia, de shows psicodélicos, de oratórias flamejantes e de técnicas de comunicação emocionais bíblicas, verdadeiras ferramentas de convencimento. Mas, inaptas para tocar profunda e permanentemente a vida das pessoas. Causam impacto por certo tempo, mas nada mais são do que portadoras de pregações ornamentais, preparadas para arrecadar dinheiro, um verdadeiro comércio mundano na cara das pessoas que vão ao Templo para buscar Deus e orar.

Celebrar a presença de Deus em todas as circunstâncias, com plena confiança e certeza de Sua presença, dispensa a fé comercial que engorda os cofres dos vendilhões dos templos. Neste sentido, é exemplar a revolta do Papa Francisco com a questão do dinheiro: "Mas, o que Jesus tem contra o dinheiro? É que a redenção é gratuita. A gratuidade de Deus é trazida por Ele, a gratuidade total do amor de Deus. E quando a Igreja se torna exploradora, se diz que a salvação não é tão gratuita”. E acrescenta: “Deus não tem nada a ver com dinheiro. A igreja não pode ser "exploradora" ou vender a salvação”. Enfim, é preciso acima de tudo preocupar-se em cuidar dos outros, cultivar a solidariedade, conviver em fraternidade, participar de instituições religiosas ou laicas que possuam atividades caritativas, como meios necessários para encontrar Deus e, ao mesmo tempo abandonar as neuroses de igrejas que pregam a salvação como um lucrativo negócio. 

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

FREI AGOSTINHO PICCOLO


HOMENAGENS A FREI AGOSTINHO PICCOLO

Vitório Mazzuco, OFM, Petrópolis

Na sexta-feira à noite (28/11/2014) fez a travessia para o Itaquerão da Eternidade o meu Mestre, Professor, Orientador, Confrade, Amigo, Modelo, Irmão e Santo, Frei Agostinho Salvador Piccolo, OFM. Com ele tenho uma história e muita história de vida! Cheguei ao Seminário de Agudos em 1966 com 12 anos de idade e ele estava lá, com seu inconfundível perfume Pinho de Campos de Jordão, sua paixão pela Formação e Educação, seu transparente modo de ser frade. Frei Agostinho era a natural encarnação das palavras que ele mesmo gostava de acentuar: amor-doação, amor-serviço, amor-fidelidade, amor-oração, amor-generosidade. Nos ensinou na sala de aula e fora dela. Homem de horas e horas frente ao Sacrário fazia da oração seu tempo e fazer sagrado. Nos ensinou gramática, retórica, mística, espiritualidade e estética. Nos fez vibrar pelo esporte e pelas regras de civilidade.

Torcedor fiel do Corinthians era um fiel apaixonado pela atividade física, pelo basquete e pelo futebol. Jovem de alma e coração nunca se deixou arcar pela idade. Escreveu muito sobre São Francisco, Franciscanismo e sobre a Educação. Recebi dele ainda este ano seu último livro: “São Francisco Sempre”. Sonhava morrer dentro de uma Casa de Formação e Educação. No último Capítulo das Esteiras convidou-me para irmos juntos visitar Dom Paulo Evaristo, que ele admirava muito. E disse: “Temos que ir ao Profeta, pois ele nos espera lá para continuar por algum caminho!” 

Morreu na Rodoviária de São Paulo, sua cidade natal e que ele amava muito; morreu a caminho de Bragança onde morava sonhando a Universidade São Francisco de seus sonhos. Viveu a vida toda em seminários, colégios e conventos, mas sempre no coração da Fraternidade e nos mostrando Deus através da sua transparente vida de piedade. Não faltava em nenhum encontro dos Frades e da Província. Onipresente e sempre contente. Educado, fino, leve, atento e provocador em sua presença, fala e silêncio. Nunca esqueceu o nome e a memória de nenhum seminarista, formandos e frades que passaram por sua vida. 

No seu quarto três pequenos altares: Nossa Senhora, São Francisco e um para o Timão. Nunca vi um frade usar tão bem os documentos do Vaticano II como ele usou! Sua Evangelização sempre foi para os Jovens! Fez da Juventude o seu ideal missionário e da Escola a sua Casa e Causa! Alimentava, cuidava e regava suas amizades com cuidado de jardineiro. Plantou em nós detalhes inesquecíveis de trazer a vida para perto, e que certamente vão florir em nós sempre, porque Frei Agostinho é uma planta que não sabe o que é fenecer, murchar, secar….ele será sempre uma primavera encarnada! Vá em paz e não esqueça de nos chamar sempre da Eternidade com seus maiúsculos e carinhosos diminutivos! Descanse na merecida Paz Eterna! Paz e Bem, meu confrade!