quarta-feira, 28 de novembro de 2012

CUMPRIMENTOS AO ELEITO

 

Cesar Techio

Economista – Advogado



João Girardi venceu a reeleição para prefeito com 24.022 votos contra 19.289 votos do candidato Cezar Luiz e 799 votos do candidato Paulo Afonso. Ao contrário do que muitos pensam, a coligação que o apoiou também venceu no total da votação para vereadores, com 22.184 votos contra 20.963 e 1.133 votos das demais coligações. Então, apesar de ter feito um vereador a menos, por incidência do coeficiente eleitoral, o bloco situacionista também foi vitorioso na totalização dos votos para vereador. A verdade é que o Partido dos Trabalhadores de Concórdia, emoldurado por uma liderança local que comanda o município com mão de ferro quando o assunto é responsabilidade fiscal e honestidade, segue soberano entre os demais partidos com 13.554 votos, seguido à distância pelo PMDB 9.492, PSD 7.492, PP 3.100, PSDB 2.617, PPS 1.510, PSC 1.312, PDT 1078, PSOL 1.043, PCdoB 919, PRB 448, PTB 537, DEM 535, PR 263, PV 290, PHS 90. A vitória do PT e partidos coligados representa a expressão da vontade da maioria dos eleitores e isso precisa ser aceito e respeitado por todos, inclusive pela imprensa que, além de corajosa, arrojada e combativa, também deve ser responsável, madura, pautada na legalidade e no respeito à pessoa humana.

É necessário, sob as penas da lei e da execração dos cidadãos, que as informações e posições a respeito da administração pública sejam fidedignas a realidade dos fatos e que as críticas, quando deflagradas, venham fundamentadas em dados concretos, acompanhadas por sugestões, modelos e reflexões conceituais. Oposição passional, emocional, raivosa, encilhada em ataques injuriosos e de poucas luzes, é facilmente perceptível e normalmente rebaixada à categoria infanto-juvenil. Uma imprensa ética há de se ater aos fatos tais quais são e de se empenhar, enquanto cumpre o sagrado dever da denúncia cidadã, em formar opinião lastreada na manutenção da ordem social, na moralidade pública, na sacralidade da vida, mas também no respeito à dignidade dos eleitos e à democracia que carrega no seu ventre a vontade popular.

O voto na situação goste ou não a oposição, demonstrou que o povo de Concórdia preferiu a continuidade e a garantia de uma administração sóbria, trabalhadora, simples e leal, do que a mudança muito mal proposta pela propaganda eleitoral midiática. A manutenção do PT frente à administração do município tem o belo significado do “não” às facilidades festivas e pueris de projetos sem eira nem beira, às promessas sem lastro no orçamento público e ao “já ganhei” na base do foguetório e da intensa propaganda massiva. Diante desta realidade recomenda a civilidade democrática que é preciso que os candidatos tenham a grandeza da humildade, a preciosa lealdade aos companheiros que os apoiam e, principalmente, em homenagem a decisão da maioria, a nobreza de cumprimentar o adversário vitorioso. Fora deste clima republicano, o sentimento se torna mesquinho e a política pouco apreciável.

Pensamento da semana: “Sugestões de presentes para o Natal: Para seu inimigo, perdão. Para um oponente, tolerância. Para um amigo, seu coração. Para um cliente, serviço. Para tudo, caridade. Para toda criança, um exemplo bom. Para você, respeito.” Oren Arnold

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

DESENVOLVIMENTO MUNICIPAL: COMO COMEÇAR


Foto: Emílio, exemplo de gente que trabalha.

Cesar Techio
Economista – Advogado

            Parece contraditório, mas infelizmente é o que acontece: o Poder Público se comporta e funciona exatamente como uma empresa capitalista; comanda toda a administração e todo o resultado da atividade econômica migra para os seus cofres; paga aos trabalhadores (funcionários) um salário de mercado e cobra dos usuários finais dos serviços públicos muito mais do que o custo deles. É uma pena que os prefeitos e os que além deles comandam os municípios não se atenham para o fato de que a verdadeira mudança deve, em primeiro lugar, pôr em relevo o papel da Administração e o papel dos cidadãos e da comunidade em geral. A ideia central é de que os cidadãos devam administrar a si próprios através de modelos alternativos de administração pública cooperativa.

Conforme Bernard Lavergne, algumas características das administrações públicas cooperativas são a de possuir autonomia administrativa, comercial e financeira; possibilitar a participação de acionistas usuários ou consumidores dos produtos que a sociedade fabrica ou dos serviços que presta e o de pagar dividendos ou ações. (El Socialismo com rostro humano. Buenos Aires, INTERCOOP, pág. 196, 1971).

            Tema de minha crônica anterior, a sugestão se encaixaria perfeitamente no modelo de empresas de economia mista. Todavia, a participação societária dos demais acionistas deveria ser limitada a um percentual que possibilitasse o ingresso de pessoas físicas de baixa renda. Por exemplo, se poderia criar uma empresa de economia mista para assumir a gestão de água e esgoto, após municipalização do sistema gerido precariamente por empresa estatal. Dela participariam pessoas do povo em geral. Uma empregada doméstica, por exemplo, poderia comprar R$ 100,00 (cem reais) em cotas; um empresário com maior poder aquisitivo, R$ 3.000,00 (três mil reais) e assim por diante. A própria comunidade consumidora poderia se associar a empresa municipal de economia mista e, ao invés de investir em poupança, engordando os lucros do sistema bancário, investiria num retorno mais garantido, associando-se ao Poder Público. Com isso geraria mais empregos diretos e indiretos para seus próprios filhos, tributos e impostos para o próprio município, além receber um bom dinheiro anual através dos dividendos.

            Criar empresas mistas com total alteração da distribuição funcional da renda e das decisões, na mesma linha das experiências operacionais das cooperativas, faz parte do elenco de sugestões que desafiam a inteligência e a boa vontade dos gestores públicos. Visitar, entender e posteriormente adotar as experiências de administrações públicas cooperativas existentes no mundo, deveria ser a primeira iniciativa dos prefeitos eleitos e de suas assessorias. A mudança precisa começar pelas entranhas do próprio sistema de gestão, repensando o direito público e introduzindo nele a ideia de cooperação.

Pensamento da semana: "Só quando a última árvore for derrubada, o último peixe for morto e o último rio for poluído é que o homem perceberá que não pode comer dinheiro." Provérbio Indígena.

domingo, 18 de novembro de 2012

NOSTALGIA: Por onde anda sua crônica.

 Cesar Techio
Advogado - Economista.


Parti de Curitiba às sete horas da manhã. Como acordei às cinco e meia, fotografei a tímida aurora nascendo após uma noite de chuva, entremeio a selva de pedra. Entre dois edifícios, ao fundo, consegui vislumbrar a majestosa Serra do Mar. Fiquei nostálgico, recordando os tempos do vigésimo sexto andar do Edifício Rui Barbosa, na Praça Santos Andrade. De lá, o deslumbre da Serra do Mar ao amanhecer, era espetacular.

Numa sinaleira, da Avenida das Torres, intrigado com a Gazeta do Povo circulando um dia antes, no sábado, depois de convocar o jornaleiro entretido com a arrumação da pilha no gramado, comprei a edição de 18/11/2012:  “Põe ali na porta, cuidado para não amassar, que quero ver amanhã, quando chegar em casa”.  Depois de uma leitura sistemática,  pensativo com o conteúdo do editorial e com a coluna da Dora Kramer (Agencia Estado, página 18); logo adiante mais sereno com o “sarapatel de coruja”  do ministro Carlos Ayres Britto, o poeta sergipano que encantou o Brasil com a justiça “ suave” e “firme”, no dizer de Elio Gaspari, acabei desembocando na crônica “Nostalgia”.

Li e reli com vagar, assombrado diante das fotografias em torno da escrita, olho no olho com o Zézito, “no balcão de seu bar, na década de 1960”. Não conheci essa época de se viver em Curitiba, pois cheguei lá na segunda metade dos anos 70, mas seu rosto me parecia familiar. Talvez essa impressão, essa familiaridade, tenha a ver com a eterna democracia encravada nos bares das capitais e de todas as cidades e vielas do interior deste imenso país, como os daqui de Concórdia, de “gente contente e feliz” conforme ensina a canção.  Me emocionei ao fim da leitura. É como se por lá já tivesse passado, vivido e frequentado o bar do seu Zézito. Introspectivo, inspirado no frescor destes morros ondulados  pelo verde do final da tarde, fixo a fotografia, novamente, e sorvo mais alguns goles de cerveja que me parecem sair da garrafa do balcão do bar da década de 60, com seu Zézito ao fundo, cigarro na mão.  “Seu Zézito, quanto deu?” 

(A crônica “Nostalgia” é de Cid Destafani, publicado na Gazeta do Povo, com fotos da daquela década, página 20, sob epígrafe “Vida Pública”).


(continua...)

Desenvolvimento de Concórdia: é preciso mudar.



Cesar Techio
Economista – Advogado
cesartechio@gmail.com.br 

                 Concepções pontuais sobre obras de infraestrutura, como as que foram apresentadas no livrinho Concórdia 2030, são positivas, porque demonstram preocupação sobre soluções urbanas, a exemplo de “Curitiba 2030”, fonte inspiradora para muitos municípios brasileiros, inclusive o nosso. De modo que a proposta para construir, por exemplo, um novo “Contorno Sul”, deve ser aplaudida, com sinceras homenagens ao vice-prefeito Neuri Santhier, mas com a sensação de minha parte, de insuficiência quanto à capacidade gerencial e de resultado efetivo  de um projeto global e estrutural de desenvolvimento para o quadriênio 2013/2016 e para os anos seguintes. O que precisamos, com a devida vênia, é aplicar um novo modelo à gestão pública, pois as que existem nos municípios são inspiradas no modelo capitalista, no qual o governo determina objetivos políticos e econômicos para o desenvolvimento com controle centralizado e muitas vezes com resultados pouco eficientes. Na realidade, os prefeitos brasileiros necessitam adquirir uma nova visão sobre a melhor forma de conduzir o processo de desenvolvimento em seus municípios. Durante as campanhas municipais o que mais se ouviu, foram críticas, queixas veementes e ataques à estagnação, normalmente gerada por ausência de recursos públicos, aliada à carência de ideias voltadas às soluções concretas para a melhora da qualidade de vida. Qualidade que não muda, sem aumento de recursos no bolso da população.

                 A Administração petista, em Concórdia, mais uma vez teve o voto de confiança da população e dos partidos coligados, afora o empenho pessoal de Neodi Saretta, (patrimônio moral da política concordiense), para divulgar a ideia de que o melhor ainda está por vir, na mesma linha do discurso de Barack Obama, vislumbrando ações no segundo mandato, no qual propõe a recuperação econômica de seu país. Mas, convenhamos, não é verdade que a oposição não assustou. Ao contrário, a ânsia por mudanças, principalmente na área de desenvolvimento, nos fez e faz respeitar todos àqueles que abraçaram esta causa, inclusive o candidato Cezar Luiz Pichetti. 

                 De forma que, é imprescindível que o comando do município adote um novo modelo administrativo para garantir um desenvolvimento permanente, sólido, eficaz e eficiente a curto, médio e longo prazo. A criação de autarquias e, principalmente de empresas mistas para a prestação de serviços públicos incluindo o desenvolvimento de projetos de estímulo à industrialização e consequente aumento de renda para todos os participantes, se constitui num primeiro e sério passo para uma mudança radical e sólida. Esta é a primeira sugestão, aqui ofertada de forma parcial e em síntese. Em segundo lugar, é imperioso afirmar, que a metodologia do modelo de gestão para a promoção do desenvolvimento de nosso município necessita de um impulso técnico, estrutural, fundamentado e de alto alcance, incrustado em uma nova forma de gerenciar.

Pensamento da semana: É preciso humildade, união e visão técnica.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

DEUS NÃO TEM RELIGIÃO

Cesar Techio – Advogado –Economista
Silêncio, reverência, adoração e contemplação são as atitudes adequadas diante de Deus, em cuja presença “se afogam as palavras, desfalecem as imagens e morrem as referências”, afirma Leonardo Boff na crônica “Deus, esse desconhecido conhecido.” Assumindo tal compreensão, arremata, não haverá mais templo: “Deus não tem religião, porque Ele é simplesmente o Mistério que liga e religa tudo, cada pessoa e o inteiro universo”. A indicação em Leonardo Boff, concluo, é a religião institucionalizada, transformada em pessoa jurídica, com CNPJ, que funciona como empresa.
 
Fundamentada na moralidade, esta “fábrica sem chaminé” interpreta textos bíblicos a seu talante e assume o gerenciamento das emocões e pensamentos dos que dela se socorrem, instalando uma matriz financeira, na qual tudo acaba convergindo para o dinheiro. Bem pensado, que Deus não tem mesmo nenhuma sucursal bancária aqui na terra, nenhum sistema de transações econômicas ou de contribuição e coleta, muito menos que sustente shows religiosos. Os que Nele acreditam são muito diferentes, vivem uma religiosidade silenciosa, capaz de perdoar, aceitar, acolher, se colocar no lugar do outro, num clima de compaixão infinita tudo de forma graciosa. O projeto de Deus, a partir dos que Nele crêm, é simples: “E, quando orares, não sejas como os hipócritas; pois se comprazem em orar em pé nas igrejas, e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão. Mas tu, quando orares, entras no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em secreto.” (Mateus, 6, 5-6).
 
Jesus, mostrando como funciona o coração de Deus, vivia uma vida intinerante na Galiléia, entre a indigência e penúria geral de camponeses em regime de subsistência ou da maioria desnutrida, que vivia da medicância, prostituição, explorada pelos vultosos tributos cobrados por Herodes: “Estas pessoas constituem os pobres do tempo de Jesus.” (José Antonio Pagola, Jesus, Aproximação Histórica, Vozes, pág. 221). “Vivendo entre os excluídos, Jesus não podia anunciar o reino de Deus e sua justiça esquecendo-se destas pessoas” (Pagola). Ao contrário, se identificava com elas e sofria de perto as mesmas necessidades.
 
De acordo com a tradição de Israel, a prosperidade é sinal de benção de Deus e a miséria indício de sua maldição. Todavia, Jesus, através da parábola de Lazaro e o rico sem coração (Lucas 16, 19-31), desmascara e destrói o mito da ideologia religiosa da prosperidade, pois é de uma injustiça ultrajante e intolerável, que em meio à miséria, fome e aflição do povo, vivam igrejas no fausto, apartadas das práticas sociais de caridade. Por fim, observemos, que Jesus não pregava a partir de suntuosas igrejas, das mansões e casas dos líderes religiosos, mas do meio dos mais necessitados, dos excluídos, dos que sobravam na sociedade, dos que não tinham poder algum.“
 
Pensamentos de finados: 1 - "Aqueles que amamos nunca morrem, apenas partem antes de nós." Amado Nervo. 2 -“Hoje auxiliamos, amanhã seremos os necessitados de auxilio.” Chico Xavier.