Cesar Techio
Economista – Advogado
cesartechio@gmail.com.br
As proteções especiais lapidadas no artigo 230 da Constituição Federal reiteram as prerrogativas fundamentais insculpidas nas cláusulas pétreas, de proteção à vida, à dignidade, à igualdade, centradas à terceira idade; as deferências do Estatuto do Idoso buscam a inclusão social e garantias de tratamento igualitário aos idosos. Este arcabouço legal é um verdadeiro marco civilizatório, na medida em que constata, de forma acertada, que idade avançada consigna disparidades e vulnerabilidades biológicas que devem ser corrigidas, como também pressupõe deva ser a fase da sabedoria, da maturidade, do bom exemplo, da bondade e da mansidão.
Todavia, o que se constata dos noticiários são reiterados escândalos patrocinados por avôs estupradores, tendo no epicentro de suas agressões sexuais infantes perdidos na humilhação e desesperança. Desumanidade é o termo mais apropriado para o alerta máximo que deve ecoar nas famílias, escolas, igrejas, clubes de serviços e instituições sérias encravadas no seio das comunidades. É preciso que todos digam às crianças e jovens, que cabelo branco não é credencial para respeito, pois velhaco também envelhece.
Exceções envergonham a maioria dos que, ao longo da vida, sempre procuraram dar exemplo de juízo e conduta reta. Não existe nada mais estarrecedor do que se deparar com um ancião que não se superou como homem, que não transcendeu os instintos inferiores e primitivos, que não venceu as próprias limitações. Em meio a grandes avanços tecnológicos, fruto da evolução da humanidade, o retrocesso moral e espiritual reina absoluto nos porões das mentes destes monstros; que um dia foram crianças, mas nada fizeram para preservar a inocência, a graciosidade e a beleza do início da jornada terrena. Experiências dolorosas não são justificativas para as maldades, a lembrar de que Nietzsche tem razão quando afirma que o homem é o único animal que possui condições de se superar: “Como se há de superar o homem?”. (Friedrich Nietzsche, “Assim falava Zaratustra”, Vozes, 1ª Ed. 2008). Mas, infelizmente, “pau que nasce torto, morre torto”, porque renunciou a possibilidade de se superar, crescer, celebrar, ter uma alma.
Na realidade, os velhos dementes, psicopatas e pedófilos da terceira idade, são os homens cheios de vitalidade e pervertidos de hoje. Enrustidos, atrás de posições sociais confortáveis, movimentam-se com certa dignidade, respeitabilidade e desenvoltura na intimidade das famílias e da sociedade onde vivem. Infiltrados em todas as profissões, cargos e atividades, na essência são caóticos, egocêntricos e não raras vezes são surpreendidos utilizando uma linguagem enlameada, com conotação sexual primitiva, anti-social, identificada com a sua sujeira. Vilões espertos conquistam crianças com doces, e adultos (vejam só) com promessas. O que mais dizer destes aparvalhados, sem código moral, senão que sejam defenestrados do nosso meio, apartados das benesses legais e mergulhados no mais profundo dos infernos?
Pensamento da semana: "Deus nos concede, a cada dia, uma página de vida nova no livro do tempo. Aquilo que colocarmos nela, corre por nossa conta." Chico Xavier.