Cesar Techio - Economista – Advogado
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Modificações na dinâmica do micro-trânsito urbano da cidade de Concórdia demonstram que o foco da iniciativa levou em conta a circulação de veículos, mas não considerou com a devida atenção o problema da circulação de pedestres. No nevrálgico cruzamento da Rua Atalípio Magarinos com a Rua Marechal Deodoro, a sinaleira foi retirada. Pessoas idosas que necessitam atravessar a rua desprovida de sinalização precisam confiar na faixa de segurança, isso quando é possível, uma vez que os veículos necessitam avançar sobre a faixa, para encontrar ângulo de visão e verificar se é possível cruzar a “avenida”. Caminhões bi-trem avançam em meio a automóveis e tomam conta das esquinas, com dificuldade para contornar a praça central e retomar a rua Dr. Maruri. Mas, o maior problema se verifica em frente à porta principal da escola CNEC, com a implantação de uma rótula, em torno da qual, veículos giram sem maior parcimônia em meio a intenso movimento de crianças e adolescentes. Quem precisa deixar os filhos na escola não tem condições para estacionar. Os alunos, quando atravessam a rua são surpreendidos por motoristas não menos confusos. E, para dificultar, a Travessa Antonio Brunetto, agora de mão dupla, ficou super estreita com o estacionamento nos dois lados. Um perigo para os alunos da Escola Básica Deodoro que utilizam o portal sobre o canal do Rio dos Queimados. Mas, a rótula em frente ao CNEC, realmente merece destaque, pois deve ser a primeira no mundo, colada em frente a uma porta de escola. Todas as ruas transversais às ruas do Comércio, Dr. Maruri e Marechal Deodoro, necessitam, urgente, de sinalização, a fim de viabilizar o fluxo veicular, pois ingressar nestas ruas é quase impossível nas horas de “rusch”.
Anotem aí. A parcela mais significativa, fraca e vulnerável do trânsito são os pedestres. As atuais mudanças, com deficiente ou inexistente sinalização em pontos cruciais, prejudicam a acessibilidade, colocam em risco a vida da população e criam gravíssimas chances de atropelamentos. Mudar direção de trânsito é iniciativa que deslumbra, num primeiro momento, mas é secundária diante da nossa realidade urbana. Não me canso de escrever a respeito, e insisto que o problema é estrutural e exige avanços no crescimento da cidade através de eixos de expansão via Linha São Paulo, São José, BR-153, Suruvi, Santo Antônio, entre outros, com infra-estrutura pertinente que virá na medida da implementação dos mesmos
Não é mais possível continuar construindo prédios de apartamentos, kitinetes e duplas casas em terrenos encravados nos morros do anel central da cidade sem considerar o impacto na malha viária. O município continua liberando tais construções sem quantificar o volume de tráfego que os empreendimentos vão gerar nas apertadas ruas da cidade. É preciso estimar as filas geradas e o acúmulo de movimento para liberar mega-construções de moradias, como por exemplo, as dos dois enormes prédios construídos na Rua Leonel Mosele, acima do Colégio Olavo. Precisamos de uma engenharia de trânsito que caminhe junto com um projeto urbanístico adequado à nossa topografia e peculiaridades. Neste sentido, as notícias vão à contramão do bom senso, com um novo plano diretor que permitirá acréscimo vertical de andares em prédios dentro da atual zona urbana. E que se exploda o trânsito.
Pensamento da semana: “A covardia coloca a questão: É seguro? O comodismo coloca a questão: É popular? A etiqueta coloca a questão: É elegante? Mas a consciência coloca a questão: É correto? E chega uma altura em que temos de tomar uma posição que não é segura, não é elegante, não é popular, mas o temos de fazer porque a nossa consciência nos diz que é essa a atitude correta.” Martin Luther King