Cesar Techio - Economista
Minhas últimas crônicas, aparentemente excursionadas pelo âmbito do colunismo social, pelo menos me deram uma idéia de que, realmente, as pessoas lêem estas tentativas de explorar novas possibilidades. Em que pese o estímulo gracioso de tantos quantos enviaram e-mails, as duas colunas “Os dez mais”, se constituem numa simples experiência no campo metafórico na medida em que busca uma mudança paradigmática dentro da clássica escolha anual dos dez mais lindos, mais charmosos, mais bem vestidos, mais isso e mais aquilo. Trata-se de uma reflexão, que acredito válida enquanto tal, todavia, a simplicidade, humildade e profunda compaixão que move certas pessoas na doação pessoal aos demais, pode tornar complexo o ato de circunscrevê-las numa crônica, elevando-as, por exemplo, às “dez mais”. Normalmente essas pessoas se movem no silêncio, na filosofia do “não saiba a vossa mão esquerda o que dá a mão direita”. Certa feita alguém comentou que, conhecendo a vida de uma freirinha canonizada, vivesse ela novamente e visse o mega-templo que construíram em sua homenagem, morreria novamente, de vergonha, tamanha a humildade com que se orientou em vida. Não obstante, com a devida vênia, partindo da premissa que não existe ponto de vista melhor do que o dos outros, mas apenas uma proposta de reflexão, é preciso apontar os bons exemplos, pois, quem sabe, isso nos ajude a melhorar a nossa humanidade. (Mesmo que tal proposta pareça contraintuitiva, pois o senso comum que nos cega somente vê o belo na roupa nova, na beleza física, no dinheiro, na ostentação das colunas sociais, menos no caráter, na sabedoria, na fraternidade e na caridade).
Sabedoria, fraternidade, caridade, também implica em inteligência, decisão e eficiência (princípio constitucional da eficiência). Olhando a catástrofe que ocorreu na região serrana do Rio de Janeiro, fico absolutamente indignado com o que vem ocorrendo em nossa cidade, região também topográfica e geologicamente acidentada. Nossos morros estão entrando em colapso com sério risco à vida dos cidadãos. Na Rua Marechal Deodoro, altura da esquina com a Rua Guilherme Helmut Arendt, o morro está vindo abaixo e nada se faz, a não ser recolher pedras, lama e troncos de árvores a cada enxurrada. No momento em que a instabilidade daquele local contagiar toda a encosta, vai ser o maior desastre da história de Concórdia. Vejam as fotos no meu blog: http://concordiambiental.blogspot.com/. Na Rua Leonel Mosele, ao lado do Clube dos idosos, uma grande escavação começa a desmoronar. Mais acima, a exemplo do que ocorre no Bairro Floresta e ainda em outros bairros tipicamente residenciais, de casas de um ou dois pavimentos, desandaram a construir edifícios para venda de kitinetes, típicas favelas nas quais o adensamento populacional e todas as conseqüências funestas que ele traz, simplesmente destroçam a vida urbana. O novo Plano Diretor deve coibir este tipo de construção (kitinetes), diminuir de três para dois pavimentos e proibir a construção de pocilgas e pombais em bairros nos quais, por conta disso, a qualidade habitacional mergulha de escafandro na lama. Os proprietários destes cortiços verticais, envolvendo imobiliárias e construtoras, estão somente vislumbrando lucro e não qualidade de vida. Que construam nos eixos de expansão urbana, rumo ao distrito de Santo Antonio, Linha São Paulo e BR 153. A licença para construção destes terríveis adensamentos populacionais em encostas e em bairros nobres depende da prefeitura. Os vereadores precisam despertar e votar com urgência num projeto de lei que impeça a desgraça construtiva que vem ocorrendo em nossa cidade. Pensamento da semana: “Acordar com a família durante a noite, abaixo de lama, ou agora, antes da catástrofe?”