Cesar Techio - Economista – Advogado
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O novo layout da política brasileira perfilou, durante a gestão lulista, um claro e contundente alinhamento ideológico à esquerda, bem na linha de governos anti-americanos, como da Bolívia de Evo Morales, Venezuela de Hugo Chávez, Equador de Rafael Correa, Cuba dos irmãos Castro, República Dominicana de Leonel Fernández, Nicarágua de Daniel Ortega, Paraguai de Fernando Lugo e do Irã de Mahmoud Ahmadinejad, sem citar outros. Este novo paradigma, infelizmente, parece que não exerga práticas terroristas, ditatoriais e criminosas, de repressão violenta contra opositores políticos e de desprezo à liberdade de consciência, de expressão e de livre escolha que ocorre em alguns destes países citados. Pilar deste alinhamento ideológico, o presidente Lula e a diplomacia brasileira foram capazes de aceitar, à custa dos cofres públicos, a “hospedagem” de Manoel Zelaya na embaixada brasileira de Honduras, confundir prisão por crime comum com prisão política contra cidadãos que pugnam pela democracia em Cuba, investir mais de um bilhão de dólares na ilha opressora.
Em crônica pretérita, me referi às palavras do presidente Lula, ao comparar presos políticos cubanos com criminosos comuns, como absurdas e inaceitáveis. A crônica foi publicada no mesmo dia da sua visita à ditadura “Del Paredón” e, antecipava críticas oriundas de vários segmentos sociais e instituições democráticas de várias partes do mundo. Também em espanhol, “Crime de Opinião” recebeu muitos e-mails de apoio e despontou em vários jornais, como uma posição lúcida em prol das liberdades democráticas e dos direitos humanos. Em greve de fome, o jornalista Gillermo Fariañas declarou à France Presse: “Sei que (Lula) nos comparou com delinqüentes comuns, e estas declarações merecem ser rejeitadas. Lula está mais comprometido com suas idéias políticas de extrema esquerda do que com a raça humana". Não creio que o presidente não esteja preocupado com a raça humana. Basta observar os programas sociais do governo, mantidos e ampliados a partir do governo anterior de Fernando Henrique Cardoso e que permitem a sobrevivência de milhões de brasileiros, dinamizando a própria economia. Todavia, segundo Mario Vargas Llosa, escritor peruano: “Quando se trata do exterior, o presidente Lula se despe de suas vestimentas democráticas e abraça o comandante Chávez, Evo Morales, o comandante Ortega, ou seja, a escória da América Latina” (Revista Veja pág. 57, edição 2156 do dia 17/03/2010).
Neste ponto, cabe uma pequena correção: Não me parece que o manto do intervencionismo estatal na economia e na vida privada dos brasileiros, seja feito de puro tecido democrático. Com impostos em cascata e com alíquotas confiscatórias, as maiores do planeta, as forças produtivas, empresariais, trabalhadoras e o povo em geral, vivem sob a égide de uma verdadeira escravidão fiscal. Diante desta realidade, insólito e surrealista alinhamento ideológico de Lula com quinquilharias esquerdistas e fundamentalistas, não causa muita supresa. Na realidade, parodiando o escritor andino, tudo é mesmo uma questão de vestuário, porque na essência, aqui dentro ou lá fora, a vetusta simpatia do presidente por regimes de ferro, sempre foi e será a mesma. Sintoma claro disso foi sua decisão em quebrar protocolo diplomático, em Israel, e não visitar o túmulo de Theodor Herzl, fundador do sionismo, e sua disposição em depositar flores no túmulo de Iasser Arafat, durante sua visita a Ramallah.
Pensamento da Semana: "A liberdade política é a condição prévia do desenvolvimento econômico e da mudança social." (John F. Kennedy).