terça-feira, 30 de março de 2010

"FATOR SARETTA"


Cesar Techio - Economista – Advogado
cesartechio@gmail.com

Não há dúvida de que, um dos aspectos mais essenciais da realidade do sêr humano, nesta terra, são suas condições de vida, que compreendem necessidades fundamentais como: casa, saúde, emprego, educação, alimento, vestuário. Causas dos males sociais, a injusta distribuição dos bens, da renda e das possibilidades de progredir na vida, faz crescer o abismo entre ricos e pobres, realidade que se alastra por todas as sociedades. Almejada pelo direito natural, lapidada na Constituição Federal, na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão da França revolucionária, na Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU e, há mais de dois mil anos, no Novo Testamento de Jesus Cristo, a justiça social se coloca como princípio fundamental para o alcance de condições de vida digna para todos.

Todavia, sem que os responsáveis pelas políticas publicas introjetem dentro de seus corações e assumam de forma sincera estes ensinamentos que falam de amor ao próximo, caridade, compaixão e humanidade, não é possível vislumbrar soluções para as mazelas sociais que nos circundam. Se o panorama de pobreza no mundo é desolador, a responsabilidade dos que têm nas mãos as decisões políticas e econômicas é imensa e inalienável. Vale dizer que, em meio ao caos da miséria humana, administradores públicos competentes, honestos e idealistas, são absolutamente imprescindíveis para o alcance da justiça social.

Neste contexto e, na atmosfera da nossa realidade local, é preciso reconhecer os consecutivos e extraordinários mandatos do prefeito Neodi Saretta em Concórdia. Instaurou, desde o início, uma gestão pública voltada prioritariamente às populações de baixa renda, investindo na educação das nossas crianças e em habitação. Com um ritmo sério e competente de trabalho desde o primeiro ao último dia de mandato, ao entregar o cargo deixou em andamento a execução do projeto de contenção às cheias; saldo em caixa de mais de seis milhões de reais; estoque de pneus para mais de um ano para a secretaria de transportes; medicamentos em estoque para mais de três meses para a secretaria de saúde; máquinas em excelente estado; ruas com asfalto de primeira qualidade em toda a cidade e, convenhamos, um povo extremamente feliz, realizado e agradecido.

Sem deixar de ser rigoroso no trato da coisa pública e no cumprimento de sua palavra empenhada, carismático, humilde e sempre bem humorado deixou uma marca indelével na história do município de forma que, diante do novo panorama político que se descortina, não deixa de ser importantíssimo fator de alavancagem nas próximas eleições estaduais. Em meio a acusações e denúncias contra políticos e agentes públicos ligados ao PT e aos partidos coligados a nível nacional, Neodi Saretta aparece como uma verdadeira reserva moral que não se compraz com falcatruas, estultices, desvio de conduta e de dinheiro, politiquinhas de quinta categoria, tipo cheiro de presídio.

Para a surpresa da mídia nacional e dos céticos, Saretta se constitui no mais claro e contundente exemplo, de que é possível neste país, um cidadão honesto ingressar na política, conservando-se honesto, e sair dela aplaudidissimo, tão limpo como quando entrou. O “fator Saretta”, portanto, considera o fato de que, pelos seus reconhecidos méritos, seu apoio a candidatos, em toda e qualquer campanha, sempre será visto como aval incondicional para o voto. Desta forma (exatamente desta forma) elegeu seu sucessor e poderá, eventualmente, eleger Ideli Salvatti para o governo do Estado. Pensamento da Semana: “Sempre que Deus tenciona fazer misericórdia para com o seu povo a primeira coisa que faz é levá-lo a orar”. Matthew Henry.

terça-feira, 16 de março de 2010

"ALINHAMENTO À ESQUERDA"

Cesar Techio - Economista – Advogado
cesartechio@gmail.com

O novo layout da política brasileira perfilou, durante a gestão lulista, um claro e contundente alinhamento ideológico à esquerda, bem na linha de governos anti-americanos, como da Bolívia de Evo Morales, Venezuela de Hugo Chávez, Equador de Rafael Correa, Cuba dos irmãos Castro, República Dominicana de Leonel Fernández, Nicarágua de Daniel Ortega, Paraguai de Fernando Lugo e do Irã de Mahmoud Ahmadinejad, sem citar outros. Este novo paradigma, infelizmente, parece que não exerga práticas terroristas, ditatoriais e criminosas, de repressão violenta contra opositores políticos e de desprezo à liberdade de consciência, de expressão e de livre escolha que ocorre em alguns destes países citados. Pilar deste alinhamento ideológico, o presidente Lula e a diplomacia brasileira foram capazes de aceitar, à custa dos cofres públicos, a “hospedagem” de Manoel Zelaya na embaixada brasileira de Honduras, confundir prisão por crime comum com prisão política contra cidadãos que pugnam pela democracia em Cuba, investir mais de um bilhão de dólares na ilha opressora.

Em crônica pretérita, me referi às palavras do presidente Lula, ao comparar presos políticos cubanos com criminosos comuns, como absurdas e inaceitáveis. A crônica foi publicada no mesmo dia da sua visita à ditadura “Del Paredón” e, antecipava críticas oriundas de vários segmentos sociais e instituições democráticas de várias partes do mundo. Também em espanhol, “Crime de Opinião” recebeu muitos e-mails de apoio e despontou em vários jornais, como uma posição lúcida em prol das liberdades democráticas e dos direitos humanos. Em greve de fome, o jornalista Gillermo Fariañas declarou à France Presse: “Sei que (Lula) nos comparou com delinqüentes comuns, e estas declarações merecem ser rejeitadas. Lula está mais comprometido com suas idéias políticas de extrema esquerda do que com a raça humana". Não creio que o presidente não esteja preocupado com a raça humana. Basta observar os programas sociais do governo, mantidos e ampliados a partir do governo anterior de Fernando Henrique Cardoso e que permitem a sobrevivência de milhões de brasileiros, dinamizando a própria economia. Todavia, segundo Mario Vargas Llosa, escritor peruano: “Quando se trata do exterior, o presidente Lula se despe de suas vestimentas democráticas e abraça o comandante Chávez, Evo Morales, o comandante Ortega, ou seja, a escória da América Latina” (Revista Veja pág. 57, edição 2156 do dia 17/03/2010).

Neste ponto, cabe uma pequena correção: Não me parece que o manto do intervencionismo estatal na economia e na vida privada dos brasileiros, seja feito de puro tecido democrático. Com impostos em cascata e com alíquotas confiscatórias, as maiores do planeta, as forças produtivas, empresariais, trabalhadoras e o povo em geral, vivem sob a égide de uma verdadeira escravidão fiscal. Diante desta realidade, insólito e surrealista alinhamento ideológico de Lula com quinquilharias esquerdistas e fundamentalistas, não causa muita supresa. Na realidade, parodiando o escritor andino, tudo é mesmo uma questão de vestuário, porque na essência, aqui dentro ou lá fora, a vetusta simpatia do presidente por regimes de ferro, sempre foi e será a mesma. Sintoma claro disso foi sua decisão em quebrar protocolo diplomático, em Israel, e não visitar o túmulo de Theodor Herzl, fundador do sionismo, e sua disposição em depositar flores no túmulo de Iasser Arafat, durante sua visita a Ramallah.

Pensamento da Semana: "A liberdade política é a condição prévia do desenvolvimento econômico e da mudança social." (John F. Kennedy).

quarta-feira, 10 de março de 2010

"ELEITOR: A CULPA É TUA"

Cesar Techio - Economista – Advogado

cesartechio@gmail.com


Pregoeiros do voto certo, este é o ano dos candidatos aventureiros procurarem convencer eleitores, pobres, ignorantes, alienados, fáceis de convencer com tapinha aqui, churrasquinho ali, oratória inflamada acolá, de que seria até um insulto não votarem neles. Contando com a memória curta e o desespero das dificuldades do povo trabalhador, os lidadores de discursos fáceis transmudam-se em salvadores da pátria, insolentes e desenfreados pregadores de soluções para tudo. Ao largo da campanha, mentecaptos corruptos colocarão timbre no horário eleitoral gratuito, nos comícios animados por forte vapor etílico, de que não se deve dar atenção às “insinuações arbitrárias” da imprensa nacional sobre as falcatruas e roubos de suas quadrilhas, incrustadas no poder político.

Afinal, que “pasquim” é a revista “Veja” para publicar na capa da edição 2155 de 10/03/2010 que, “Caiu a casa do Tesoureiro do PT”? Que artiguinho é esse, de Lauro Jardim, de que Lula vai dar asilo ao terrorista Cesare Batista por “motivos humanitários” e que “a sorte de Battisti é ser um assassino de esquerda que tentou destruir com bombas uma democracia e, se fosse cubano, pacífico, e fizesse greve de fome contra a ditadura, morreria de fome e Lula ainda poria a culpa nele”?(pág. 64). Que bobagem é essa, de Ronaldo Soares, de que Anthony Garotinho (PR-RJ) tem uma “trajetória pública marcada pelo populismo, por práticas fraudulentas e até por um processo em que responde por formação de quadrilha armada”? (pág. 77). Que calúnia é essa, de Gustavo Ribeiro, de que “Arruda usava e abusava dos métodos ortodoxos empregados pela politicagem tradicional”, de que “são impressionantes 4.500 empregos, que iam das funções mais subalternas à direção de estatais” e que “o fracionamento do estado entre os aliados do governador preso beneficiava empresários, presidentes de partido, senadores, deputados federais e dezenove dos 24 deputados distritais, incluindo seus suplentes.”? (pág.79).

Ao largo da campanha eleitoral, a má fé habitual de fazer desacreditar os meios de comunicação que se empenham contra o dogmatismo da ignorância, vai degradar a consciência crítica do eleitor despreparado. Por conta disso, o cidadão manter-se-á hostil em participar da política ativamente, em buscar informações sobre seu candidato, em filiar-se a partidos políticos para fazê-los crescer na ética, na honestidade e nos ideais democráticos. Por culpa da preguiça, das suscetibilidades pessoais, imprudentes e caprichosos eleitores, que poderiam fazer a diferença, enojados não se engajam e se omitem. Qualquer desculpa lhes serve de justificativa para não lerem jornais, revistas, verem telejornais que denunciam inconfessáveis, espantosos e temerários crimes cometidos por políticos e gestores públicos. Vítimas da própria fatuidade e dispostos a transigir e acomodarem-se, eleitores partem para as urnas desviados do travo amargo da realidade que a imprensa registra diuturnamente.

Não existe jornal ou jornalista, revista Veja, Folha de São Paulo ou jornais combativos, como este que publica minhas cronicas, que consegue travar eleitores imprudentes. Olvidam das informações da imprensa, se quedam inertes na indolência, negligenciam o ensino dos valores intrínsecos a ética, moral e amor ao próximo, tão bem lhes assoprado aos ouvidos pelas Igrejas e escolas. Em resumo, eleitores irresponsáveis, convidados à valsa, “diabolus in musica”, da alienação e da afronta ao bom senso, fazem a festa dos políticos vadios, quadrilheiros e ladrões. E depois se queixam. Mas, sempre é bom lembrar que, quem vota em bandido eufemizado de bom político, bom eleitor não é.

Pensamento da semana: "O sucesso não é o final e o fracasso não é fatal: o que conta é a coragem para seguir em frente e o amor que nos une”. Winston Churchill emendado pelo autor.

sábado, 6 de março de 2010

CRIME DE OPINIÃO

”CRIME DE OPINIÃO”
Cesar Techio - Economista – Advogado
cesartechio@gmail.com
A liberdade de pensamento, em manifestações livres e independentes, é a forma mais elevada da existência política do homem, e sua supressão pela interferência arbitrária de ditadores cria as bases para o terrorismo de estado. O monopólio das informações é a arma mais perigosa para o controle da mente e também a estratégia adotada pelos regimes ditatoriais para levar a sociedade à submissão ideológica, à alienação e a aceitar a perpetuação no poder de seus líderes dementes. Hugo Chávez varreu de seu país canais de televisão abertos e a cabo que se recusaram a retransmitir o “Alô, presidente” ou todo e qualquer pronunciamento que ele queira fazer em cadeia nacional, pouco importando a hora ou a interrupção de programas ou filmes exibidos em canais privados. As raízes da liberdade foram arrancadas no dia 24 de janeiro de 2010, quando a DirecTV e a Intercable desconectaram o sinal da RCTV Internacional seguindo para o silêncio a Supercable, NetUno e o resto das operadoras do país. Também foram suspensos o sinal da TV Chile, American TV e American Network e proibida a transmissão dos “Os Simpsons” e todo e qualquer desenho da Disney, porque segundo Chávez “tudo o que vem do império faz mal à formação socialista dos jovens bolivarianos”.

Crimes contra a liberdade de escolha e de expressão começam a ser endêmicos na América Latina e não me parece, ao contrário do que afirmou o presidente Lula no Fórum Social Mundial, que a “nova correlação de forças no continente” representada por Hugo Chávez da Venezuela, Evo Morales da Bolívia e Rafael Correa do Equador, seja salutar para a democracia. Estes países adotam políticas antidemocráticas, restringem direitos civis e prendem cidadãos opositores. O quarteto latinoamericano se completa com Cuba. Centenas de dissidentes políticos se encontram encarcerados sob tortura por terem externado opiniões contrárias ao regime. Um deles, Orlando Zapata, morreu em greve de fome por ocasião da última e recente visita do presidente àquele país. Criticado por não ter condenado o governo dos irmãos Castro que permitiu este desenlance, Lula respondeu: "Eu não sei se os presos brasileiros entrassem em greve de fome, você sendo governante, você ia liberar todos porque entraram em greve de fome.” E arrematou dizendo que apreendeu a “não dar palpite sobre o governo dos outros, porque, muitas vezes, se mete o dedo onde não deveria meter".

Entretanto, não existem presos políticos no Brasil. Os criminosos comuns são julgados dentro da legalidade e sob o manto constitucional do princípio da ampla defesa e do contraditório. A distinção é gritante. Os ativistas políticos da ditadura cubana foram presos exclusivamente por conta de suas manifestações favoráveis à democratização do país. Não se trata, obviamente, de dar ou não “palpite sobre o governo dos outros”, mas de se posicionar contra uma tirania desumana que fecha a boca dos opositores a bala e com prisões arbitrárias. O governo brasileiro não só “meteu o dedo”, como mais de um bilhão de dólares em investimentos num país corroído pela ausência de liberdade política, expressão e de opinião. No Brasil a manifestação de pensamento somente é punida quando eivada pela injúria, difamação, calúnia ou quando atinge a imagem e a honorabilidade das pessoas e das instituições. Críticas de parlapatões, contra o regime democrático, a inviolabilidade da liberdade de consciência e de crença, o livre exercício de cultos, a livre expressão da atividade intelectual, artística, científica, política e de comunicação, não merecem respeito. Apenas consciência crítica na hora de ler, ouvir e de votar.

Pensamento da semana: "O que mais me comove é o Brasil que não deu certo. Um país tão rico tem o povo passando fome." Darcy Ribeiro