quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

ADEUS JUÍZES


Cesar Techio Economista – Advogados
cesartechio@Yahoo.com.br

Não tenho a menor dúvida de que o Poder Judiciário se sobrepõe como uma verdadeira ilha de resistência moral e ética em meio ao mar de lama que assola o país, instituições, famílias, pessoas. Quando não mais se vislumbra saída para os desencontros da vida, juízes se fazem sentir como uma verdadeira luz a mostrar a saída para a esperança e para a paz. Nestes horizontes, o mais importante, talvez, seja o fato de que no tablado do judiciário, todos são iguais, tanto o empresário quanto seu empregado, o milionário tanto quanto o pobre, todos se vêem alcançados pelo sagrado princípio constitucional da igualdade jurídica e da premissa maior, que é a lei. Frente a um juiz não existem grandes e pequenos, amigos ou inimigos, lindos, simpáticos ou chatos, senão, apenas o processo. Não apenas como um instrumento técnico, mas, no dizer da professora Ada Pellegrini Grinover, como um instrumento ético, profundamente influenciado por fatores históricos, sociológicos e políticos.

Conheci nestes anos de advocacia alguns juízes idealistas, comprometidos até o último fio de cabelo com a justiça, envolvidos pelo manto do amor ao país, as pessoas e à vida. Três deles partiram recentemente. Daí a ausência de escrúpulos em lembrá-los, já com saudades, pela marca absolutamente maravilhosa que deixaram no coração e mente dos jurisdicionados, advogados, servidores e de todos aqueles que tiveram a graça e a felicidade de com eles conviver nos formais procedimentos forenses. É que, nesta seara, nós, operadores do direito, devemos permanecer em obsequiosa discrição, até para não incorrer em manifestações interpretadas segundo a conveniência dos idiotas de plantão...

Mas... Quando se vão, os bons juízes, deles podemos sentir saudades e dizer, sem que isso nada lhes acrescente à grandeza, o quanto são importantes dentro do tecido social, como modelos de vida, agentes de equilíbrio, luzes do amanhecer que conduzem os fracos a obterem seu justo quinhão que mata a fome, a obterem o remédio que cura a doença... Juízes, bons juízes, são lenitivos do povo, esperança dos justos, orgulho dos honestos e alegria de Deus. Possuem eles, os bons juízes, um pedaço do céu dentro de si.

Marido e mulher, um casal espetacularmente lindo. Inteligentes, justos, imparciais e trabalhadores deixaram indeléveis suas marcas nesta comarca e, quais meteoros riscaram nossos quadrantes e deixaram um rastro luminoso de bem aventurança. Excepcional juíza, por mais de uma década inabalável na ética, no bem decidir, em atividade jurisdicional intensa e em árduas e longas jornadas de seriedade em meio a pilhas, milhares de processos.
Advogados sempre bem recebidos, hipossuficientes com prioridade, compreensão, sensibilidade e reverência às pessoas... Estes juízes provaram à sociedade que, simpatia, largo sorriso, humildade e calor humano, respeito aos jurisdicionados em audiência e nas sentenças, são compatíveis com o exercício de uma judicatura independente, sábia e imparcial, instigadora de admiração, bem estar, sensação e certeza de justiça. Casal Dr. Gustavo Santos Mottola e Dra Ligia Boettger Mottola, saúde e vida longa no caminho a seguir. Dra Ana Karina Arruda Anzanello, os agradecimentos eternos desta Comarca de Concórdia. Bons juízes... Extraordinários juízes... Quando se vão...