“CONTAGEM REGRESSIVA PARA O JUÍZO FINAL”
Cesar Techio
Economista – Advogado
cesartechio@yahoo.com
No início da década de 80, comprei numa livraria da Rua das Flores, em Curitiba, um raro livro, título sob epígrafe, de autoria de Hall Lin Dsey, editado e traduzido pela editora Mundo Cristão. Trata sobre a problemática árabe/judeu. Segundo o autor, Israel não tem mais o complexo de Massada, uma fortaleza, distante há alguns quilômetros do mar morto, da qual se tem uma belíssima vista de todo o oriente médio e na qual se passou um dos maiores dramas da história da humanidade. Foi nesse local que, entre 66 e 73 da era Cristã, quase mil judeus entre crianças e mulheres, cometeram suicídio voluntário, antes de a fortaleza cair sob o jugo romano. O fato deu origem a um termo que traduz a persistência dos judeus em defenderem sua terra: o complexo de Massada. Segundo o Autor, Israel agora tem o complexo de Sansão. Caso for atacada e não houver saída, usará a bomba atômica para destruir os inimigos, mesmo que tenha que sucumbir junto com eles.
Tal tema me veio à mente, nestes últimos dias de contagem regressiva para o dia das eleições municipais em todo o Brasil. O povo judeu, tanto perseguido e vítima de preconceitos em todo o mundo é, na realidade, digno de admiração pela sua história de bravura, heroísmo, inteligência, amor pela família, pela terra e vontade de trabalhar. Este povo fantástico ingressou no meio do deserto e fez dele um oásis produtivo, mesmo diante de conflitos e guerras.
Deitando um olhar para nossa terra, tão pródiga, pacífica, fértil, com um clima maravilhoso e um povo tão afável e amoroso, em meio a incredulidade e indignação fico desconsertado com o perfil de conduta, formação e de ideais dos candidatos. Qual deles defenderia o país até às últimas conseqüências? Quem colocaria os interesses coletivos e de interesse público acima da própria vida? Enfim, quem está, de fato, preparado para assumir funções de relevante interesse público, sem pensar no próprio bolso? Ao contrário do povo de Israel, me parece que o complexo introjetado no subconsciente de nossas lideranças (daquelas que comandam de verdade a economia, as empresas e a vida social) é de inferioridade. Caso contrário, como se explica a ausência do grande empresariado na disputa política por cargos públicos, através dos quais se pode verdadeiramente decidir os destinos do país?
Quando políticas públicas, leis e decisões legislativas produzem mais imposto e se imiscuem na vida privada, controlando tudo ( não só a economia, mas o fruto de nosso trabalho, de nossos gastos, inclusive nossos pensamentos ) as Associações Comerciais e Industriais gritam alto no eixo Rio/São Paulo e em todo país. Mas, agora, na hora de contribuírem com candidatos para assumirem o comando político, se ausentam, como se o assunto fizesse parte da realidade de outro país, de Israel, por exemplo. Mas... Se fosse por lá... Auguro boa sorte nas urnas aos candidatos idealistas e bem preparados. Minha homenagem desta vez é para o Instituto Stringhini e seu idealizador Alberto Stringhini, que contribui para a educação financeira de nossas crianças e, com isso constrói a verdadeira liderança política com que sonhamos.