Cesar Techio
Advogado - Economista
Bons ou maus, uma coisa é certa, estamos infalivelmente conectados a cultura, aos costumes, manias e ao jeito de ser do substrato social do qual tivemos origem e no qual ainda estamos inseridos. Neste aspecto, nada melhor do que as apresentações do Grupo Teatral Piliquinha para nos confrontar com situações cuja raiz carrega resquícios dos tempos mais difíceis da nossa região, de migração italiana com predominância do moralismo religioso, do preconceito absoluto e de costumes rígidos no âmbito familiar patriarcal. Enfim foi o que pensei após ver a comédia “A cama que o diga", lastreada em situações engraçadas do cotidiano. O que impacta na peça do grupo, são justamente situações inusitadas, entre as quais, de uma freira moralista e de um bêbado, vizinho, que vão para a cama dormir, literalmente, juntos com um casal. A peça trabalha o subconsciente preconceituoso da plateia que sem perceber se vê na pessoa do bêbado e da freira. Ele cheio de razão, invocando a propriedade feminina “a minha mulher” e a freira, invocando razões de ordem moral num acentuado sotaque italiano.
O confronto, pelo viés da comédia, se faz pela atitude do casal que constrói a ponte entre o paradoxo que enleia o preconceito dos que lhe invadem o quarto e o diálogo que busca esclarecer, explicar e, finalmente aceitar e receber na cama os dois visitantes noturnos. Este movimento, democrático e humano, acolhe os diferentes. E acolhe na cama. Isto é simbólico para uma sociedade egoísta, que não aceita e não acolhe ninguém. A democracia da cama arrebenta um paradigma vetusto de privacidade, de egoísmo e mostra que a casa é minha, mas também é sua. A cama democrática confronta os limites do privado, da intimidade do quarto com a interação social, afinal a cama é espaçosa, grande, do tamanho do mundo, e sempre cabe mais um. Trata-se de uma perspectiva que traduz um sentimento social latente no subconsciente de cada pessoa que assiste ao espetáculo, na medida em que o paradoxo da cena, em confronto a certos valores incrustados na formação moralista e preconceituosa, cede espaço ao desejo do coração em se livrar da solidão e compartilhar, interagir e amar. E nisso a cama é soberana, pois é nela que se encontram os amantes, se quebram as formalidades, se concebem os filhos e o êxtase acontece.
Nesta atmosfera, e no desenrolar da peça magistralmente apresentada por atores e atrizes absolutamente impecáveis, aparece a odalisca, a mais bela e insinuante das mulheres. Ela dança a “dança do ventre” e suavemente povoa o sonho dos que lhe observam. A odalisca é a juventude, e a dança frescor das flores, do orvalho da manhã e das lembranças mais doces. O olhar da odalisca é o esplendor da vida, das estrelas, da existência que naquele instante se torna atemporal: “O tempo não passou e as horas não se adiantam, amada”. Enfim, sonhar e rir, eis o convite para as meninas e meninos de todas as idades desta cidade. A performance do Grupo Teatral Piliquinha, natural, espontâneo, multicolorido, inteligente e provocador é expressão da excelência do amor pela arte e pela vida. Assista.
Pensamento da semana: O palco é vida real, uma opção de risco. Assim como o amor. Marisa Monte
Cesar Techio
Advogado - Economista
Gestão pública que se põe a serviço do povo, mas se recusa a inovar e ir além; sociedade que se organiza, mas não avança em novas perspectivas; atraso dos que resistem a quaisquer melhorias, amarrados ao passado e com medo do futuro, são nuances de uma mesma realidade que bate a porta de cidades engessadas em intrigas políticas e que não possuem disposição, clarividência e coragem para se desenvolverem. Por conta disso a vida não evolui e as novas gerações permanecem presas à tradição obsoleta de anos, repetindo os mesmos erros, trilhando os mesmos caminhos, pensando as mesmas coisas. Pessoas que agem assim moldam a humanidade pobre e miserável que vemos todo o dia ao nosso redor. Não é fácil explorar um território não cartografado, sem mapas ou diretrizes, não demarcado pelos antepassados. E os que têm coragem para fazê-lo quase sempre são desestimulados por aqueles que não conseguem viver sem um velho e empoeirado mapa. São pessoas que andam em círculos pelo caminho conhecido e querem que todos também andem assim. Mas é preciso romper com este círculo vicioso, com coragem, bom senso, equilíbrio. Somente o destemor consegue aceitar que é necessário evoluir, aperfeiçoar e andar por novos caminhos.
Esta coragem, este destemor e bom senso o prefeito João Girardi tem de sobra. A decisão para mudar o trânsito engarrafado da cidade, que hoje flui muito bem, vai na linha do projeto de outras grandes obras de elevado interesse para Concórdia, como por exemplo: a construção da Unidade de Pronto Atendimento (UPA); o 1° Berçário do município; a Barragem Seca que evitou um desastre na última enchente; o Centro Cultural que abrigará o Museu e a Biblioteca Municipal; a aquisição da sede do Senai que abrigará cursos superiores, entre eles os de Engenharia Mecânica, Elétrica, de Controle e Automação do Sétimo Campus da Universidade Federal Fronteira Sul; a aquisição de novas áreas de terras para expansão industrial; a pavimentação de cerca de cem ruas e ruelas, entre outros. Neste contexto, a Rua Coberta, com traços modernos e futurísticos, faz parte da composição destas obras inovadoras.
Trata-se de uma conquista que permitirá à comunidade concordiense, atividades múltiplas ao ar livre, mesmo em dias de chuva. A estrutura conectará a Praça Dogelo Goos aos jardins fronteiriços da Prefeitura Municipal e se estenderá da Rua Marechal Deodoro até a Rua Dr. Maruri. Feito em policarbonato e vidro, abrigará um sistema de resfriamento e aproveitamento da água da chuva. Imagino, sob o teto desta esplêndida obra de arte, exposições, feiras de artesanato, grupos musicais se apresentando e alegrando o povo, crianças brincando, apresentações de teatro e outras atividades de finais de semana e feriados. Trata-se de um projeto urbanístico, com recursos federais, que ficará na história da cidade e que atrairá o interesse de visitantes de todas as partes do país. Os projetos do prefeito abrem novas fronteiras e avança sobre temas que progridem na inovação. Com uma visão de futuro em 3D, moderna e evoluída, João Girardi constrói uma nova cidade e traça um novo mapa para Concórdia. O mapa do futuro.
Pensamento da semana: Veja o vídeo da Rua Coberta no meu blog http://cesartechio.blogspot.com.br/