Cesar Techio – Advogado –Economista
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Este é o grito embrionário que ecoa no subconsciente dos filhos menores e adolescentes diante do turbilhão do divórcio que estraçalha as suas famílias, fonte primária de suas próprias existências. É precisamente os mais fracos, os que dependem afetiva e economicamente de seus pais para desenvolverem suas potencialidades e amadurecerem como pessoas, os que, em qualquer circunstância desta jaez, são violados na sua dignidade humana. Os que mais precisam de acolhimento, respeito e defesa, são sempre os que estão no olho do furacão das agressões e da violência emocional que envolve as separações familiares. Algumas crianças sequer possuem referência paterna, dado o fracasso das relações focadas exclusivamente em interações sexuais e biológicas. A superficialidade da vida interior e a esterilidade dos sentimentos, acompanha a maioria dos genitores que se centram e concentram de forma individualista e egocêntrica em seus próprios interesses, em detrimento da prole. Como estas crianças e adolescentes se abrirão para o mundo após interiorizarem o trauma da exclusão familiar que as frustram, empobrecem e mutiliam? Esta pergunta ecoa na cabeça de juizes, promotores, advogados, operadores do direito, assistentes sociais e psicólogos forenses que se deparam, no dia a dia, com tremendos escândalos gerados no seio de separações conjugais.
A verdade, dura e amarga, é que por trás da loucura das brigas de casais e de audiências judiciais de divórcio, onde as mazelas familiares são encobertadas pelo manto do segredo de justiça, aparecem à luz do dia rostos de crianças oprimidas e conspurcadas na dignidade pelos seus próprios genitores. Na realidade, o empobrecimento e marginalização dos filhos, largados ao próprio sofrimento, desrespeitados, manipulados, prostituídos e escravizados pelo abandono de seus pais, se constitui num passivo moral imperdoável.
Colocar um filho no mundo é fácil, mas é preciso consciência de que não se pode coisificar, tornar objeto um ser que exige compromisso paterno e materno não só no momento da concepção e do prazer carnal ou na hora do nascimento, mas durante toda a vida. Proclamar-se “humano” e “responsável” e cruzar os braços diante das necessidades da prole é pura hipocrisia, principalmente quando esta afirmação funciona como mecanismo destinado a preservar a própria imagem nas relações sociais. A idéia de parecer “santo” diante da sociedade, de amigos, colegas de trabalho e de estranhos, mesmo oprimindo, despersonalizando, pisando, traumatizando e fazendo passar fome os próprios filhos é típico de canalhas, reprodutores de “meia-tigela”, que não merecem ser chamados de “’homens’, muito menos de “animais”, porque estes, pelo menos, se necessário defendem a prole até à morte.
A indiferença frente a esta triste realidade é paga por toda a sociedade que sucumbe diante dos seus efeitos perversos: assaltos, estupros, assassinatos, roubos e mortes. Que pais e mães saibam que seus filhos são seres humanos, criados a imagem e semelhança de Deus e que a conta pelo abandono e pela irresponsabilidade um dia lhes será dura e impiedosamente cobrada.
Pensamento da semana:“Tudo o que fizermos ao próximo, estamos na realidade fazendo a nós mesmos. Essa é a Lei da Ação e Reação. Todos nós estamos a cada segundo colhendo o que plantamos. O futuro em construção depende de nossas ações no passado e no presente.” http://joanadarc.wordpress.com