sábado, 27 de novembro de 2010

“BELÍSSIMAS MULHERES”


Cesar Techio
Economista – Advogado
cesartechio@yahoo.com


Escolhi o título desta crônica no impulso. Pela primeira vez adoto um título e a partir dele delimito o tema, partindo de uma idéia básica, que, no caso, ficou bailando em minha mente, condicionada pelos eventos sociais de final de ano, jantares dançantes, desfiles de moda, colunas sociais, em momento único, somente encontrado quando o ano começa agonizar. Em meio a estes sentimentos, a percepção e a constatação da beleza da mulher concordiense, que não se fragmenta diante da multiplicidade de gêneros, cor da pele, fulgurantes cabelos, estupendos vestidos, brilho incomparável dos olhares (alguns furtivos), mas todas, dentro de uma única esfera de magia e de transcendência. Elas movem a nossa vida social, clubes, instituições, corações e famílias. Nascemos delas e por elas vivemos até o fim de nossas existências. Mas, aqui, nesta cidade, são mais intrigantes, instigantes e belas. Incomparáveis, aliam traços físicos estéticos, rostos bem talhados, suavidade no dançar, postura impecável no trato das relações humanas, competentes no trabalho e, doces, meigas, ternas, mas não menos misteriosas por onde passam. Se o Criador fez alguém melhor e mais perfeito, dizem, guardou para Ele. Mas duvido. Nosso modo de viver, conceitos, formação e capacidade de avaliar criticamente o mundo que nos cerca tem sua primeira fonte nos braços de uma mulher. Por isso, por aqui, nesta doce cidade onde nasci a esplêndida formosura feminina tem mais a ver com graciosos talentos espirituais e de caráter do que, com atributos físicos (estes exuberantes e encantadores).

Os valores culturais da migração de várias raças, intensamente miscigenadas, impregnaram nossas mulheres com um forte sentimento de justiça que lhes permite nesta amada província, dar um forte contratestemunho dos valores da sociedade de consumo. Vestem-se bem. Mas sabem diferenciar com precisão conteúdo de continente. Seus corações estão em sintonia com a justiça e a caridade. Suas mentes têm consciência dos graves problemas de nosso tempo e, conseqüentemente estão envolvidas em ações concretas em favor dos menos favorecidos. Elas sabem que não há genuína conversão à justiça, se não houver obras concretas de justiça. Mulheres que se envolvem com trabalhos voluntários de atendimento “pro - misero”, por intensa compaixão aos seus semelhantes. Como as dezenas que atuam na Pastoral da Saúde da Igreja Católica; na Associação Beneficente Ágape de Concórdia, ABAC, sob a presidência de Marizeli Santana dos Santos ou na Rede Feminina de Combate ao Câncer de Concórdia sob a presidência de Eunice Franczak. Enfim, belíssimas mulheres. A elas, no precipitar do final de mais um ano, reconhecimento, orações, admiração e homenagens com um trecho dos Cânticos de Salomão: “Arrebataste-me o coração, minha irmã e minha noiva, arrebataste-me o coração com um só de teus olhares, com uma só jóia de teu colar. Como são ternos teus carinhos, minha irmã e minha noiva! Tuas carícias são mais deliciosas que o vinho; teus perfumes, mais aromáticos que todos os bálsamos. Teus lábios, minha noiva, destilam néctar; em tua língua há mel e leite. Tuas vestes têm a fragrância do Líbano.”

Pensamento da Semana: “Lembram de dois alcoólatras que, sempre juntos, se arrastavam como trapos humanos pelas praças e ruas de nossa cidade? Uma mulher começou a andar e a conversar com eles. Hoje, bem vestidos e asseados, trabalham, inseridos na sociedade. O nome desta mulher? Alessandra Farina, assistente social da ABAC.”

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

“FERIADOS COM SALÁRIOS DE FOME”


Foto: Curitiba PR (Shopping Estação)

Cesar Techio - Economista – Advogado
cesartechio@gmail.com

Não existe nenhuma linha lógica, fim preciso ou justificativa plausível o exagerado número de feriados no Brasil, responsável por alijar das semanas, dias altamente produtivos, como segundas, terças e quintas feiras. Um verdadeiro absurdo e grotesco colapso pauperizador da economia. Transferir esses feriados para os sábados ou domingos, com exceção do natal e 1º do ano seria a solução mais plausível. “Dolce far niente” para a maioria, não se percebe a tremenda perda para o país como um todo, em horas de trabalho, produção e produtividade. De nada adianta ficar de “barriga para cima”, mas vazia. A questão que se impõe ou que verdadeiramente interessa, inclui uma modificação do modelo econômico capitalista. Precisamos pensar em diminuir drasticamente a alta concentração de renda (a mais perversa do mundo); promover a repartição de lucros; a assunção da classe trabalhadora ao comando das empresas; a repartição de sobras líquidas, a exemplo do que ocorre no modelo cooperativista.

O sistema atual escraviza a maioria e despreza a dignidade humana dos trabalhadores, batendo de frente contra a função social da economia, o bem comum e a justiça social. Aliás, candidatos a prefeito, nas próximas eleições, devem se abster de discursar em favor da geração de empregos nesta cidade. Vão cair no ridículo com a petralhada debulhando incontestes provas de que existe falta de mão de obra nas empresas locais. É claro que não se pode cair na tentação de acreditar que o pleno emprego em Concórdia decorre do esforço da administração pública, absolutamente distanciada de quaisquer projetos consistentes, neste sentido, nos últimos 76 anos. Não somente não se empenharam em trazer grandes empresas para o município como, néscios, se omitiram (por absoluta falta de idéia) em implementar projetos de desenvolvimento que estimulassem investimentos na área produtiva. O município nasceu e cresceu nas costas da empresa Sadia. É ela, ainda, agora sob nova denominação, a pedra de sustentação de toda a dinâmica financeira e econômica da região.

Nas próximas eleições, os candidatos devem concentrar seus planos de governo na identificação de novos projetos, que incluam a elaboração de um diagnóstico que identifique as carências e potencialidades da microrregião; a elaboração de uma árvore de oportunidades de investimento; o estímulo da comunidade e de entidades de apoio empresarial a investirem em Concórdia; a elaboração de pré-estudos de viabilidade específicos, entre outros. As pessoas devem se sentir atraídas por modelos de geração de renda dos quais elas participem, não somente na condição de investidoras, garantindo o retorno do seu capital, mas de gestoras, na medida de suas participações societárias. Com efeito, não existe sentido em investir em caderneta de poupança, CDB, RDB e outros papéis com os quais o rico dinheirinho voa para fora da região sem contrapartida local. Através de empresas comunitárias, nossa gente pode investir aqui, gerando tributos, renda melhor distribuída e um futuro melhor para os próprios filhos. Mesmo porque, de que adianta pleno emprego com salários de fome? De que adiantam tantos feriados se, para a classe trabalhadora, empregada, não sobra para gastar em lazer?

Pensamento da semana: “Juropordeus que foi essa a pergunta que fiz. São tantos feriados e tantos santos para festejar, que por um lapso me confundi. E logo Cassio respondeu: São Deodoro”. Adriana Vandoni.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

DILMANDO: A VOLTA DA CPMF



Foto/tema: "Flores para Neide Azevedo Lima uma das maiores cronistas do Brasil".

Cesar Techio - Economista – Advogado
cesartechio@gmail.com

Só me faltava ser acusado de oblíquo em minhas crônicas. A versão local de ocupantes de cargos, recalcados pela falta de autonomia e liberdade que degenera em adulações e bajulações, se ressente das razões, raciocínios, objeções lógicas e constatações que faço a respeito da conduta política do presidente Luis Inácio adeus da Silva frente ao governo do estado brasileiro. A defesa, em linhas gerais é de comezinhos princípios constitucionais, universais e do direito natural. E é claro tentam atingir o meio de comunicação que empresta espaço a estas reflexões, jornal que até o presente momento se mostra incorruptível, independente, disposto a não sacrificar a verdade e a justiça diante de considerações livres, mas não menos equivocadas. Mas, enquanto dura esse espaço, a articulação agora tem a ver com o verbo dilmar. Sempre na segunda e terceira pessoa do singular e do plural para quem depende daquilo a que me referi acima (ele dilma, eles dilmam, tu dilmas, vós dilmais...). E, nesta conjugação, entraram vergonhosa e despudoradamente governadores de oposição ao apoiar a volta da desgraçada Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira, CPMF, imposto regulamentado em 1997 para financiar a saúde e extinto em 2007 por pressão da sociedade brasileira, sendo esta a maior derrota do presidente Lula. Defendem o assalto tributário o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), Antonio Anastásia (PSDB), governador re-eleito de Minas Gerais, Cid Gomes governador do Ceara (PSB) entre outros (em torno de 13 governadores). A idéia da CPMF era a de custear a saúde pública, mas os recursos, obtidos pela incidência de desconto de 0,38% sobre os débitos lançados sobre todas as operações bancárias passaram a ser desviados para a Previdência Social e para o Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza. Usada como meio de fiscalização do Imposto de Renda pela Receita Federal e incidindo sempre em cascata (uma única transação envolvendo três, quatro ou cinco operações bancárias de um mesmo negócio eram taxadas em igual número com a alíquota de 0,38%),

Durante a campanha eleitoral (cujas promessas devem sim, serem lembradas e cobradas) Dilma firmava sua disposição em barrar a criação de qualquer novo imposto e reduzir a carga tributária. Agora, passada as eleições, sutilmente empurrou a questão da volta da CPMF à articulação de governadores: “Não pretendo enviar ao Congresso a recomposição da CPMF, mas não posso afirmar… Este país vai ser objeto de um processo de negociação com os governadores”. Naturalmente que esta nova postura, é um tapa na cara dos 55 milhões de eleitores que votaram nela acreditando no discurso de que diminuiria a carga tributária. Por conta disso, o verbo dilmar tem a ver com afirmar uma coisa durante a campanha e fazer outra depois de eleito. Este verbo “dilmar”, em que pese nascer em primeira mão aqui nesta coluna, na verdade foi criado pela presidente três dias depois de eleita. Verbo poderoso, na mão da 16ª mulher mais poderosa do mundo (segundo a revista Forbes) marca, quatro anos antes, a nova derrota do PSDB nas eleições presidenciais de 2014. Por fim, o possível afastamento de Henrique Meirelles do Banco Central, indicado de forma extraordinariamente feliz pelo presidente Lula para o cargo ocupado por oito anos, deixa dúvidas se não se trata de manobra para atingir a forte independência e autonomia da instituição, importantíssima para o país, como se provou durante a crise econômica que se abateu no mundo. É bom lembrar que, durante a campanha, Dilma afirmou que achava “importantíssima a autonomia operacional que o Banco Central teve durante o governo do presidente Lula“. Ora, então porque tirar Henrique Meirelles do BC, se sua atuação independente e forte, foi um tremendo sucesso durante oito anos? Será que Dilma dilmou, nesta também?

Frase da semana: “A política é uma delicada teia de aranha em que lutam inúmeras moscas mutiladas”. Alfred de Musset.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

“LULA CABO ELEITORAL: USO DA MÁQUINA PÚBLICA?” (versão local)



Foto: Tema "Curitiba, amada. Uma rua chamada Petit...ruas de uma vida."

Cesar Techio - Economista – Advogado
cesartechio@gmail.com

Que, o atentado ao direito à propriedade privada continua estampado no Programa Nacional dos Direitos Humanos forjado na Casa Civil aos tempos em que a presidente eleita Dilma Rousseff era ministra, há isso continua. Essa senhora, que governará (ou não) o país a partir de 2011, jamais concorreu a qualquer cargo eletivo em sua vida. Se me abstive de lhe comentar em tempos de eleição, foi para não incorrer num chato “bis in idem”, afinal, o povo brasileiro vinha sendo informado à exaustão sobre sua vidinha na guerrilha. Entretanto, deu para discorrer, e muito, sobre o “Senhor 83% de aprovação nacional Lula Lá”, amigo dos governantes do Irã, Venezuela, Cuba e outros paisinhos sanguinários, antidemocráticos, tipo escória da humanidade. Passada essa fase, não custa constatar que os partidos da situação local não ganharam. Perderam. E feio: Dilma naufragou de escafandro nas urnas e, por conta disso, a antipatia do prefeito chegou às raias da revolta. Esbravejou. Como se a derrota de sua candidata à presidência fosse um sinal de rejeição à sua própria pessoa e à administração municipal. Antipático porque tem dificuldade em receber em gabinete o povo, o qual nas ruas, de longe cumprimenta agitado. Antipático porque tem péssima memória e fica ansioso quando dá de cara com quem não embarca em sua canoa. Antipático, porque em aparições públicas vira caricatura e, neste ponto, as comparações com o seu predecessor são inevitáveis. Assim como sua candidata Dilma, eleito nas barbas do antecessor navega em mandato tampão e, salvo milagre, já pode ir se despedindo. Volta a disputar o cargo o ex-prefeito. Querem apostar?

Embalados na vitória da oposição nacional (dez governos estaduais, oito do PSDB, Paraná, São Paulo, Minas, Goiás, Tocantins, Alagoas, Pará e Roraima e dois do DEM, Santa Catarina e Rio Grande do Norte, com governo sobre 52,3% da população e bem mais da metade do PIB) a oposição da terrinha já começa a se agitar. Têm pré-candidatos a prefeito para todos os gostos (hehe), e em todos os partidos, partidinhos, grupinhos e grupelhos. E cada um puxando a carroça ao gosto do milho à frente. Interessante observar que o PMDB, oposição no município, elegeu o vice-presidente da república na turma do PT de Brasília. Fazer o que, né? Enfim, em que pese perdermos a oportunidade para elegermos José Serra, as eleições serviram para demonstrar que a oposição é forte, e que os imperativos morais discutidos durante a campanha são importantes e não podem ser ignorado pelo futuro governo. É claro que, as eleições ainda podem ser questionadas. Afinal a utilização da estrutura do estado, com Lula cabo eleitoral pró sua criatura, certamente desequilibrou o pleito. O tempo usado pelo presidente da república (eleito para governar o país e não para fazer campanha e propaganda política 24 horas por dia) tem matizes de indevido uso da máquina publica e cheiro de ato de improbidade administrativa. Por conta de sua forçada e abusiva atuação eleitoral, quem saiu menor da campanha foi ele mesmo e não José Serra. Sua onipresença no pleito demonstrou que, na realidade, quem ganhou as eleições foi ele e não sua invenção. Durante a campanha o “presidente cabo-eleitoral” teve mais ressentimentos do que metas e nada a inspirá-lo, a movê-lo, senão seu desatino no comando da estrutura governamental e o ódio à oposição. Fica no cargo mais dois meses. Depois, xô Lula! Vá para casa!

Pensamento da semana: “A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca e que, esquivando-nos do sofrimento, perdemos também a felicidade.” Carlos Drummond de Andrade