quinta-feira, 24 de junho de 2010
DIPLOMA SEM FÉ E HUMANIDADE?
Cesar Techio - Economista – Advogado
cesartechio@gmail.com
As informações que nossas escolas e universidades transferem aos estudantes são úteis, na medida em que oferecem instrumentos adequados para formar profissionais atuantes. Por elas nossos jovens se tornam juízes, médicos, engenheiros, veterinários, matemáticos, odontólogos, químicos, administradores, contabilistas, advogados, entre outras profissões. Através do nosso sistema de ensino nos apropriamos legitimamente de informações acumuladas por milhares de pessoas que viveram antes de nós. Entretanto, ao conquistarmos um diploma, cargo, posto ou função profissional, cometemos imperdoáveis equívocos. O primeiro é pensarmos que se trata de exclusivo mérito pessoal. O segundo é acharmos que somos o cargo, a função ou a profissão que exercermos. E o terceiro é acreditarmos que isso é tudo. Não parece difícil perceber que as informações que acumulamos não foram descobertas por nós, são emprestadas de outros. Na realidade as informações que cursos universitários, de mestrado ou doutorado oferecem são positivas, pois franqueiam aos estudantes uma maior consciência da própria ignorância. Mas, o grande problema do sistema de ensino é não possuir qualquer projeto ou estrutura mínima para a formação dos ideais e do caráter dos seus alunos. Um curso superior ou um cargo profissional pode quanto muito, dar certa respeitabilidade. Mas, sem que venha acompanhado por uma profunda consciência de humanidade e um incondicional comprometimento com princípios humanitários, sociais e cristãos, não vale nada. Trata-se de conhecimento morto, que transforma as pessoas instruídas em pessoas mortas.
O materialismo dialético e as referências sobre a religião como forma suprema de alienação, objeto de incursões acadêmicas ao tempo do curso de economia na UFPR, me intrigaram e, por experiência própria, me fizeram pensar diferente. As escolas e universidades até podem ser instrumentos ideológicos de dominação e reprodução do modo capitalista de exploração (do que discordo). Mas pudera. Em suas grades curriculares, com exceção das que oferecem conteúdos de filosofia, psicologia, teologia e bioética, sequer tangenciam temas sobre princípios humanos e cristãos ou escala de valores e, como organizá-los corretamente frente a vida em sociedade e a vida pessoal. Inexiste conteúdos sobre modo de pensar, agir, conduzir-se, relacionar-se, sentir, amar. Não se fala aos estudantes sobre valores, atitudes, projeto de vida, vocação, discernimento: “O que pretendo ser para ajudar meus semelhantes a edificar uma humanidade melhor?”
Suprindo deficiências, as igrejas clamam aos “instruídos”, intelectuais, profissionais e doutores nelas forjados, que não estamos à merce dos nossos cargos, funções e trabalhos, mas que somos seres históricos que precisam realizar-se como pessoas e filhos de Deus. Que o conhecimento, assim como a vida, somente tem sentido enquanto processo de evolução, dinâmica de crescimento e de questionamento: “Quem eu sou? O que quero ser? O que Deus quer de mim?” Nesta perspectiva, dos púlpitos a mensagem: que somos chamados à plenitude, à conversão, a viver o cristianismo a partir da nossa realidade concreta, conhecimento, diplomas, profissões, cargos e funções. É preciso, exortam os pregadores, optar definitiva e profundamente por andar segundo as regras do santo Evangelho. Abrir-se incondicionalmente ao Espírito Santo, único que pode dar sentido ao nosso conhecimento, côr aos nossos embotados diplomas, justiça às nossas funções de Justiça, autêntica e sincera alegria ao exercício de nossas profissões.
Pensamento durante o jogo do Brasil x Costa do Marfim: “ O melhor psicólogo do centro-avante é a rede do adversário.” Galvão Bueno, locutor esportivo.
quarta-feira, 16 de junho de 2010
“CEMITÉRIO E MORADIAS SOBRE MANANCIAIS, FONTES E NASCENTES DE ÁGUA -LAGEADO DOS PINTOS: 2010/2004”
(mais fotos e documentos em:http://concordiambiental.blogspot.com/)
Cesar Techio - Economista – Advogado
cesartechio@gmail.com
E lá se vão alguns anos da decisão judicial que, em 2004 proibiu a construção, então em andamento, de um cemitério municipal sobre mananciais e fontes de água que alimentavam o Lajeado dos Pintos, afluente do Rio Jacutinga, onde é captada água para a cidade de Concórdia. Perícias comprovaram a existência de intensa atividade aqüífera no local, com nascentes e mananciais “cujas águas infiltram-se no subsolo, criando e alimentando o lençol freático”. Em inspeção judicial, o juiz Dr. Sérgio Luiz Junkes, acompanhado pelo escrivão, advogados, ministério público, partes interessadas e pela imprensa local, documentou as águas que praticamente afloravam a superfície e, consequentemente, a inadequação do solo para construção de um cemitério. Diante da gravidade e do interesse público, notícias sobre o litígio foram publicadas em vários jornais do país, vindo à lume informações sobre o potencial poluente de um cemitério cuja poluição da decomposição de cadáveres espalha vírus que podem sobreviver até 05 anos no solo, afora resíduos atômicos decorrente do tratamento de câncer.
Ficou provado que o sistema hidrológico das terras sob as quais o município pretendia construir o cemitério tinha sua gênese num banhado a montante, o qual alimentava duas fontes e o lençol freático, que, pela gravidade despencava superficial e sub superficialmente ladeira abaixo, alimentando todo o sistema. Em inspeção, constatou o magistrado que: “O local visitado trata-se de um vale cheio de água (manancial superficial em abundância)". Não havia dúvidas de que a retenção de águas pelo banhado a montante é que controlava, de forma permanente e contínua, sem interrupção mesmo durante fortes estiagens, os lençóis de água subterrâneas. Quase beirando o asfalto do contorno norte, referido banhado se constituía em região alagadiça, extremamente úmida, com água superficial, protegida por mata ciliar e, portanto, em fonte permanente que alimentava todo o sistema hidrológico abaixo, em topografia escalonada longitudinalmente orientada sentido N-S. Pedra angular da discussão judicial, o direito da comunidade de Concórdia em viver em um meio ambiente ecologicamente equilibrado o qual reflexa valores sociais, de interesse da humanidade, a tal ponto de se erigir como Direito Humano Fundamental, esculpido em cláusulas pétreas constitucionais, artigos 1º, inciso III, 4º, II, 5º, caput (direito à vida) e artigo 225 da Magna Carta.
Daí a estarrecedora surpresa, sete anos depois, ao constatar no local, durante entrevista à TV Concórdia, a construção em ritmo acelerado de várias residencias e benfeitorias destinadas a abrigar um loteamento. Nas condições retro mencionadas, de conhecimento público e notório, resta comprometido o micro-sistema ambiental elementar de águas que desembocam no rio Jacutinga. A função interativa e interdependente de fontes de água ao longo dos rios, quando atingida pela omissão e pouco caso, coloca em risco a sobrevivência humana. Embora as bombas de sucção no rio Jacutinga se localizem à montante da pequena foz do riacho Lajeado dos Pintos, não se pode ignorar que bactérias e vírus possuem grande mobilidade em meio aquoso. A transformação da área em loteamento, com a construção de moradias, pode ser vista no blog http://concordiambiental.blogspot.com/ no qual foram publicados documentos e fotografias pertinentes. Ninguém pode desconhecer que a intervenção no meio ambiente influi diretamente no gozo dos direitos humanos fundamentais, como o direito à vida e a saúde. Tais direitos não necessitam de qualquer ato de recognição. São supranacionais, suprapositivos e interdependentes. Interessam tanto aos concordienses como à comunidade global.
Pensamento: Embora seja curta a vida que nos é dada pela natureza, é eterna a memória de uma vida bem empregada. Cícero.
terça-feira, 1 de junho de 2010
“DIPLOMACIA: MÃO ESTENDIDA, PUNHO FECHADO”
Cesar Techio - Economista – Advogado
cesartechio@gmail.com
A visão de que o presidente Lula, em fase de desocupação de seu gabinete presidencial, instaura um novo paradigma na diplomacia internacional, antítese da americana que negocia na base do porrete na mão, sinceramente é poética e ingênua. É evidente que os EUA, sob o ponto de vista das relações internacionais (comerciais, políticas, culturais), assim como qualquer país inteligente, não se vê como nação hegemônica e imperial. E nem poderia. Diante da globalização das informações, da economia e das finanças, pensar em hegemonia ou de que algum país, em sã consciência, tenha condições para ditar normas e definir quem é ou não inimigo, sob o ponto de vista de seus exclusivos interesses, é surreal. Atualmente, a auto-preservação de cada nação inevitavelmente passa por decisões conjuntas e globalizadas. Oscilações econômicas, financeiras ou de saúde pública em qualquer país, dada à íntima correlação do sistema econômico, de fluxo de pessoas e de informações a nível global, afeta imediata e diretamente todas as demais nações. Por este motivo, é simplista e singelo estigmatizar países comprovadamente democráticos como, reducionistas, belicistas ou imperialistas.
Governos ditatoriais e grupos fundamentalistas, estes sim, tentam impor seus modelos pela força infame e traidora do terrorismo. E definem o inimigo como sendo a democracia, que deve ser combatida mesmo com a morte de inocentes não contextualizados com as suas loucuras. Os sangrentos e intermináveis ataques por extremistas ao Estado de Israel (milhares de mísseis são disparados contra cidades israelenses pelo grupo terrorista Hamas, todos os anos) levam países como Israel a cometer desatinos desesperados como medidas de autodefesa. Exemplo disso foi o bloqueio de Gaza e o ataque a comboio sedizente humanitário composto por ativistas (terroristas e apoiadores segundo Israel), condenado pela ONU ontem, dia 01/06/2010. Mas a situação iraniana é muito mais grave. Enquanto a comunidade internacional se empenha em buscar a defesa da democracia e da dignidade da pessoa humana (núcleo essencial dos direitos fundamentais), o presidente Lula insiste, como se tivesse ex-cátedra em diplomacia internacional, em tratar o problema da bomba nuclear iraniana, de cor fundamentalista e sanguinária, como uma questão de simples diálogo “olho no olho”.
E, procura convencer, que o governo iraniano, enquanto insolente e desenfreado grita para todo mundo ouvir que quer fazer Israel sumir do mapa, apenas pretende utilizar urânio para fins pacíficos. Ora, apoiar o Irã buscando ingênuo diálogo, enquanto o país segue frouxo no seu programa nuclear, é o mesmo que apoiar a sua imoral e desatinada decisão de exterminar o povo de Israel e, por outro lado, franquear ações de autodefesa que podem incluir ataques nucleares. A diplomacia cega de Lula e a sua idéia política de “mão estendida” não percebe (estranhamente) o que é visível para o mundo inteiro: a má-fé habitual de Mahmoud Ahmadinejad. Não cumpre acordos internacionais e quando estende a mão costuma fechar o punho. Os que apóiam a diplomacia de Lula em consonância com a ortodoxia fundamentalista, de que é possível dialogar com terroristas, ditadores de meia-tigela, loucos sanguinários, desvairados belicistas que apregoam o fim de países e mandam matar opositores políticos, se movem em imprudência. Esquecem a essência da democracia e de seus valores intrínsecos. Os que pensam assim perderam a solidez dos ideais da compaixão, do amor ao próximo e, com certeza, o senso da verdade. Pensamento da semana: “Voce achar que a Bolívia iria exportar 90% da cocaína consumida no Brasil sem que o governo de lá fosse cúmplice? Impossível” José Serra,Revista Veja edição de hoje, 02/06/2010.
Assinar:
Postagens (Atom)