Economista – Advogado cesartechio@Yahoo.com.br
Superado os tempos pueris e adentrado a pré-adolescência, a inserção no seminário franciscano me permitiu defrontar duas concepções básicas de vida no mundo: a cristã e a agnóstica (daqueles que não acreditam). Durante o período universitário, das faculdades de Economia e Direito, saturadas de conceitos materialistas, não cedi ao apelo de propostas marxistas muito menos reduzi minha formação intelectual a uma exclusiva dimensão social, jurídica e financeira. Os conceitos teóricos e filosóficos não foram capazes de submeter meus valores morais e espirituais exclusivamente à realidade econômica e de ordem temporal. Enfim, a convicção de que o homem é criatura de Deus e não Deus uma criação do homem me ajudou a andar por entre livros, ideologias e filosofias, sem trair a minha fé.
Homens e mulheres esclarecidos sabem que os valores materiais não constituem a infra-estrutura desta nossa sociedade. Sabem que o único sentido verdadeiro desta nossa vida passageira, se firma no primado do espírito. Sabem que para a solução de discórdias, basta olhar para a escala de valores que orienta a nossa vida cristã, e perceber que lá, no vértice, encontra-se Jesus. O estudo, o esclarecimento e a própria ciência devem capacitar, na graça de Deus, homens inflexíveis e poderosos a enxergar Jesus no vértice de suas vidas e a entenderem que não é possível carregar a bíblia numa mão e um revólver na outra; que não é justo contribuir com o projeto do Salvador com a mão direita, sob censura da mão esquerda; que não é certo pregar o amor de Deus e fomentar no dia a dia, o ódio e a divisão entre irmãos cristãos.
Deus tem os seus caminhos. Ele nos utiliza de várias formas. Olhando o caminho percorrido, nem sempre entendemos o que ele pretendeu com o nosso agir. Por isso é necessário perscrutar a obra e as vidas que pelo evangelho vão sendo recuperadas, o resultado daquilo que ajudamos a construir e que verdadeiramente resgata pessoas e famílias. A igreja de Jesus não pertence a esta ou aquela instituição, a este ou aquele pastor, àquele ou a este benfeitor ou doador. Não é monopólio da igreja católica, adventista, evangélica, pentecostal ou outras. A igreja de Jesus são as pessoas que acreditam e são salvas pela graça do Espírito Santo. E, contribuir para que isso aconteça, não deve perturbar nosso coração. A submissão de valores espirituais ao direito positivo, às leis não inspiradas no Direito natural (lei lapidada por Deus no coração do homem) se constitui num erro trágico sob o ponto de vista da mensagem bíblica. A verdade é que, maledicências desnaturam a missão, definham a autoridade, esvaziam a doutrina, distorcem a visão do povo e atrofia a confiança em quem escandaliza. Enfim, a necessidade de espírito fraternal nas relações interconfessionais deve, primordialmente, ocorrer dentro de uma visão teológico-pastoral como exigência imprescindível de vivência na fé e exemplo capaz de motivar os cristãos.
O homem assemelha-se a um vírus maligno que vem acabando com a terra, com os recursos naturais e, dentro de seu espírito belicoso, sempre se levanta contra seus semelhantes, mesmo quando por estes não é atacado. Por isso, a missão de paz das igrejas e de seus líderes espirituais é de interesse social, na medida em que se apresentam como eficaz instrumento pedagógico em prol da pacificação social. Neste contexto, ataques desdenhosos contra padres, pastores e igrejas de Jesus Cristo são nefandos na medida em que subvertem a própria doutrina que exorta para o perdão, o amor incondicional e, principalmente, para a caridade com aqueles que participam das comunidades cristãs e que, ardentemente desejam a salvação.